No Museu da Imagem e Som, Edmar relembra fechamento do Hospital Meduna em Teresina
Ex-gestor relembra fechamento do Hospital Meduna e criação da rede de CAPS na CapitalO médico e escritor Edmar Oliveira, um dos principais nomes da reforma psiquiátrica no Piauí, concedeu entrevista exclusiva ao Revista 40 graus no Museu da Imagem e do Som (MIS), em Teresina, durante a exibição do documentário Quem sabe onde está a Loucura? dirigido pela Jornalista Cinthia Lages, baseado em seu livro sobre a história do Hospital Meduna.
Na ocasião, Edmar destacou que o hospital psiquiátrico, que marcou gerações de teresinenses, sempre foi cercado de estigmas e medos. “As mães diziam: cuidado, menino, senão você vai terminar no Meduna. Era uma ameaça”, relembrou.

O médico contou que, ao longo de sua trajetória profissional, assumiu a responsabilidade pelo fechamento do Meduna, alinhado ao movimento nacional de reforma psiquiátrica, que defende o tratamento humanizado em liberdade e a substituição dos hospícios por serviços comunitários.

“Eu fui responsável pelo fechamento do Meduna. Nosso objetivo era substituir a lógica do hospital por uma rede de CAPS e serviços comunitários. Muitas pessoas que estavam comigo hoje ajudaram nessa tarefa”, destacou.
Segundo Edmar, a experiência resultou na estruturação de uma rede de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em Teresina, que transformou a forma de atendimento em saúde mental. Ele lembrou ainda que muitos ex-pacientes relatam que nunca gostaram da internação, mas sim de viver em liberdade.

O documentário de Cinthia Lages, exibido no MIS, reforça essa memória coletiva e apresenta depoimentos de usuários do sistema de saúde mental que viveram a transição do modelo asilar para o modelo de atenção psicossocial.
“Eles dizem claramente que nunca gostaram de estar internados. O que gostavam era de estar ao sol, em liberdade. E é isso que defendemos”, afirmou Edmar.
Para o médico, a população teresinense ainda conhece pouco dessa história, mas a iniciativa de resgatar o passado em formato de livro e documentário é um passo importante para manter viva a memória da reforma psiquiátrica.
