Elevado “inaugurado com desnível” cobra a conta

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Um bloco de concreto resolveu se desprender do elevado da Avenida Miguel Rosa, nesta quarta-feira (17), como quem faz questão de lembrar que problemas estruturais não se resolvem apenas com notas técnicas e monitoramentos sucessivos. Apesar do susto — e da ironia materializada — não houve registro de feridos.

O detalhe que insiste em não passar despercebido: o viaduto foi construído pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Piauí (DER-PI) durante a gestão de Castro Neto e, já na entrega, apresentava exatamente o problema que agora se agrava — um desnível de aproximadamente 13 centímetros. Ou seja, o defeito não apareceu com o tempo: apenas ganhou corpo simplesmente amadureceu.

Relatórios do Crea-PI confirmaram o rebaixamento da estrutura e recomendaram intervenção urgente, apontando risco sobretudo para motociclistas. Ainda assim, o elevado seguiu em uso, com restrições que nem sempre foram respeitadas, como a proibição da circulação de veículos pesados.

Procurada, a assessoria do ex-diretor-geral do DER-PI e atual deputado federal Castro Neto informou, por meio de nota, que a responsabilidade pela obra é institucional e não pessoal. Segundo a resposta, os esclarecimentos devem ser buscados junto à SDU Sul ou ao próprio DER, atualmente sob a gestão de Leonardo Sobral.

“Quem responde pela obra é o DER, independentemente de quem esteja no cargo. Gestão é impessoal”, diz o posicionamento, que orienta o direcionamento de questionamentos aos órgãos responsáveis no momento sem mencionar que o problema começara em sua gestão.

Já a SDU Sul afirmou que segue monitorando a situação e que intensificou o diálogo com o DER para buscar uma solução definitiva. Porque, ao que tudo indica, enquanto o concreto cai, a responsabilidade escorre — impessoalmente — de um lado para o outro.

Lembrando que o CREA-PI já alertou para a possibilidade de queda de um outro bloco maior do que o que caiu nesta última quarta-feira (17).