Maior que a Terra, novo exoplaneta pode ter temperatura de 300°C

Descoberta
Redação

Uma equipe internacional de astrônomos anunciou a descoberta de um novo exoplaneta orbitando a estrela Gliese 410, localizada na constelação de Leão. O estudo saiu neste mês na revista Astronomy & Astrophysics.

Entre os pesquisadores está o brasileiro José Dias do Nascimento Júnior, professor da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e pesquisador visitante do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos EUA. Os demais autores da pesquisa são da França, Canadá e Estados Unidos.

Foto: NASA
Concepção artística do exoplaneta Gliese 410 b

Nascimento afirmou que o exoplaneta, batizado Gl 410b é maior que a Terra, mas menor que Netuno. Ele tem aproximadamente 8,4 vezes a massa da Terra e completa uma órbita em seis dias ao redor de sua estrela, Gliese 410.

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Por estar muito próximo da estrela, a temperatura de equilíbrio de Gl 410b, calculada com base na radiação recebida da estrela, pode chegar a 300°C, o que o torna um mundo extremamente quente.

Segundo o professor, o exoplaneta não tem as características para abrigar vida terrestre.

"Embora seja um planeta de pequeno porte em comparação a Júpiter, com provável composição gasosa, a proximidade de sua estrela faz com que ele seja muito quente para abrigar vida como conhecemos. Além disso, sua estrela possui um campo magnético dezenas de vezes mais intenso que o do Sol, o que gera tempestades estelares capazes de erodir atmosferas planetárias."

O processo de descoberta de um novo planeta é feito a partir da técnica de velocidade radial, que detecta pequenas oscilações no movimento da estrela causadas pela gravidade de planetas orbitando ao seu redor. Para isso, são utilizados instrumentos extremamente sensíveis, como o SPIRou, no Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT), e o Sophie, na França.

Posteriormente, esses dados são analisados com métodos estatísticos sofisticados para separar sinais planetários de ruídos estelares.

"Esse trabalho integra o SPIRou Legacy Survey, um programa internacional que somou mais de 300 noites de observações entre 2018 e 2023. Nossa equipe monitora dezenas de estrelas anãs próximas do Sol. No caso de Gliese 410, foram mais de 150 observações ao longo de cinco anos, combinadas com dados complementares de outros telescópios", disse Nascimento.

Embora não seja um candidato à habitabilidade, conforme o professor, esse mundo extremo representa um laboratório natural para entender a formação e a dinâmica de sistemas planetários em anãs vermelhas.

"A maior parte das estrelas na vizinhança do Sistema Solar são desse tipo. Pequenas, frias e discretas. Detectar planetas ao seu redor é um desafio, mas cada descoberta abre uma nova janela para entendermos a diversidade de mundos que podem existir tão perto de nós", afirmou Nascimento.

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