Lula defende “COP da verdade” e pede coragem política na abertura da Cúpula

Presidente afirma que a ciência deve guiar decisões e convoca líderes
Redação

Durante a abertura da Cúpula dos Líderes da COP30, em Belém, nesta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a conferência, realizada pela primeira vez em um país amazônico, deve marcar um novo paradigma mundial no enfrentamento da crise climática.
Segundo ele, é o momento de os líderes globais demonstrarem “coragem e determinação” para transformar a realidade e enfrentar as consequências das mudanças do clima.

Foto: Reprodução
Lula na COP30

“A COP30 será a COP da verdade. É hora de encarar a realidade e decidir se teremos ou não a coragem e a determinação necessárias para transformá-la”, afirmou o presidente.

Ciência e ação como guias

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Lula defendeu que a ciência deve ser o principal guia das decisões climáticas e que o desafio exige um plano justo e global para reverter o desmatamento e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

“Apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para, de forma justa e planejada, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos”, declarou.

Descompassos e desafios globais

O presidente apontou dois “descompassos” que atrasam o avanço da agenda climática:

A desconexão entre a diplomacia e o mundo real, e

O descasamento entre a urgência climática e o contexto geopolítico.

“Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e degradação ambiental. Enquanto isso, a janela de oportunidade que temos para agir está se fechando rapidamente”, alertou.

Justiça climática e combate às desigualdades

Lula também destacou que não é possível enfrentar a crise climática sem combater desigualdades sociais.

“A justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza, da luta contra o racismo, da igualdade de gênero e da promoção de uma governança global mais representativa e inclusiva”, disse.

Multilateralismo e cooperação

Em defesa do multilateralismo, Lula ressaltou que 2025 será um marco duplo: os 80 anos da ONU e os 10 anos do Acordo de Paris.

“A força do Acordo de Paris reside no respeito ao protagonismo de cada país na definição de suas próprias metas, à luz de suas capacidades nacionais. Podemos escolher liderar ou ser levados à ruína”, afirmou.

G20, BRICS e o papel do Brasil

O presidente relacionou a realização da COP30 com a liderança brasileira recente no G20 e no BRICS, afirmando que esses fóruns já incorporaram a dimensão climática em suas agendas.

“Colocamos na mesma mesa os ministérios de meio ambiente e de finanças das 20 maiores economias, responsáveis por 80% das emissões globais. No BRICS, reafirmamos a centralidade do financiamento climático e da transferência de tecnologias”, destacou.

Apoio da ONU e chamado à implementação

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apoiou o discurso de Lula e endossou a necessidade de transformar compromissos em ação.

“Presidente Lula, o senhor chamou esta COP de ‘COP da verdade’. Eu não poderia concordar mais. A crise climática está se acelerando. O que falta é coragem política. Escolham fazer de Belém o ponto de virada. Não é mais hora de negociações, é hora de implementação, implementação e implementação”, disse Guterres.

Próximos passos

A Cúpula do Clima, convocada por Lula, antecede a COP30, que será realizada em Belém entre 10 e 21 de novembro, reunindo dezenas de chefes de Estado, cientistas e representantes da sociedade civil para discutir políticas e metas globais de mitigação e adaptação climática.

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