Justiça não usa facão: polícia prende quem achou que podia virar juiz
Operação Nêmesis lembra que lei se cumpre no tribunal, não na calçada
RedaçãoTrês empresários foram presos na manhã desta segunda-feira (15) em Teresina, suspeitos de participação no assassinato de José Carlos Costa Araújo , homem em situação de rua encontrado morto na Avenida Maranhão, no Centro da capital, com uma das mãos decepadas. Para quem ainda confunde Estado de Direito com faroeste urbano, a polícia fez questão de esclarecer: justiça não é vingança — e muito menos linchamento.
As prisões e os mandados de busca e apreensão — que recolheram veículos possivelmente usados no crime — ocorreram no âmbito da Operação Nêmesis, conduzida pela Delegacia de Investigação de Desaparecimento de Pessoas (DESAP), sob o comando do delegado Jorge Terceiro, com apoio de unidades do DHPP. A mensagem é simples e incômoda para os justiceiros de ocasião: só a lei julga, só a polícia investiga, só o Judiciário condena.
O homicídio aconteceu na madrugada de 20 de novembro. O corpo da vítima foi encontrado ao lado da mão decepada — um detalhe grotesco que dispensa qualquer tentativa de “explicação moral”. As investigações indicam relação do crime com furtos atribuídos à vítima na região central, argumento frequentemente usado por quem tenta substituir o Código Penal pelo impulso mais primitivo.
Inicialmente, suspeitou-se de vigilantes noturnos. O avanço das investigações, porém, levou à identificação de três empresários, proprietários de estabelecimentos no Centro, como suspeitos de participação direta. A polícia desmontou a narrativa fácil e fez o que lhe cabe: apurar fatos, apontar responsáveis e apresentar à Justiça.
A Polícia Civil informou que José Carlos tinha histórico de furtos e arrombamentos, era usuário de drogas e vivia em situação de rua. Nada disso, convém repetir em letras garrafais, autoriza execução, mutilação ou “punição” privada. Quem insiste nesse atalho escolhe o banco dos réus. A lei agradece. A civilização também.
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