Bolsonaro bloqueia Zambelli no WhatsApp após cobrança da deputada

O bloqueio aconteceu durante o feriado de 7 de Setembro e, segundo apuração
Redação

O ex-presidente Jair Bolsonaro bloqueou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) no WhatsApp depois de receber uma mensagem crítica da parlamentar. O bloqueio aconteceu durante o feriado de 7 de Setembro e, segundo apuração, continua ativo até o momento.

A situação teve como pano de fundo a manifestação promovida pela direita na Avenida Paulista naquele dia. Durante seu discurso em um trio elétrico, Bolsonaro se irritou com o som de outro caminhão de som, posicionado mais à frente, que também fazia críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Sem mencionar nomes, o ex-presidente reclamou do barulho e pediu à Polícia Militar que desligasse a bateria do veículo.

No outro trio elétrico, discursava o influenciador bolsonarista Marco Antônio Costa. Carla Zambelli foi uma das figuras mais conhecidas a participar dessa estrutura paralela. Após o episódio, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, enviou uma mensagem à deputada informando sobre a insatisfação de Bolsonaro.

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Foto: Reprodução
Bolsonaro bloqueia Carla Zambelli no WhatsApp

Ao tomar ciência da crítica do ex-presidente, Zambelli respondeu pelo WhatsApp, argumentando que ele "não estava agindo como um estadista" ao repreender os manifestantes do trio elétrico alternativo. Ela destacou que a discordância com o barulho não condizia com a defesa da liberdade de expressão, que era um dos princípios da manifestação. Bolsonaro leu a mensagem e, imediatamente, bloqueou a deputada.

Relação estremecida

Antes desse desentendimento, Bolsonaro já havia demonstrado ressentimento em relação a Zambelli. Ele a responsabilizava, em parte, por sua derrota na eleição presidencial de 2022 devido ao episódio em que a deputada sacou uma arma em São Paulo, na véspera do segundo turno. O ex-presidente mencionou essa insatisfação em conversas de bastidores e também em declarações públicas.

Recentemente, Carla Zambelli revelou estar enfrentando um quadro de depressão e fazendo uso de medicamentos para tratar a condição.

Influenciador minimiza atrito

O influenciador Marco Antônio Costa, que discursava no trio elétrico alternativo, afirmou que não se incomodou com as críticas de Bolsonaro. "Meu sonho é que houvesse 10 caminhões na Avenida Paulista pedindo a responsabilização e o impeachment do Alexandre de Moraes. Então, para mim, qualquer questão secundária que ocorreu no 7 de Setembro é irrelevante e não ajuda na transmissão da mensagem principal", declarou Costa, que tem uma base expressiva de seguidores nas redes sociais.

Julgamento e condenação

Enquanto enfrenta esse distanciamento de Bolsonaro, Zambelli também vive um momento delicado na Justiça. No dia 25 de março, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para condená-la a cinco anos e três meses de prisão, além da perda do mandato parlamentar. A condenação ocorreu por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.

Mesmo com o pedido de vista do ministro Nunes Marques, os ministros Cristiano Zanin e Dias Toffoli anteciparam seus votos, ampliando o placar para 6 a 0 a favor da condenação, seguindo o relator Gilmar Mendes. O julgamento aconteceu no Plenário Virtual do STF.

O advogado de Zambelli, Daniel Bialski, criticou o processo, alegando cerceamento de defesa. Em nota, afirmou que o julgamento virtual impede a exposição oral dos argumentos da defesa e que não há garantia de que os vídeos enviados pelos advogados sejam efetivamente assistidos pelos ministros. Apesar dessas dificuldades, a defesa informou que enviou memoriais aos ministros na tentativa de obter uma análise mais aprofundada do caso.

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