Trinta anos sem Wall Ferraz: a despedida de um líder que marcou Teresina

Após sua morte, o vice Francisco Gerardo assumiu e manteve a gestão
Redação

Na noite de 22 de março de 1995, por volta das 22h30, recebi uma ligação que, embora esperada, foi devastadora. Do outro lado da linha, o professor Kleber Montezuma, com a voz embargada, anunciou: “Zózimo, nosso mestre acaba de falecer.”

Teresina perdia, naquela noite, seu prefeito, professor Wall Ferraz. Um ciclo de sofrimento se encerrava após a isquemia cerebral sofrida por Wall em 13 de fevereiro, logo após visitar obras no Dirceu Arcoverde ao lado de Silvio Mendes. Aquela foi sua última visita oficial.

Sentindo-se mal em casa, foi socorrido pelo médico e vizinho Wilson Martins. Encontrava-se em estado crítico. Após dias de internação no Prontocor e breve recuperação em casa, teve uma recaída em 28 de fevereiro. Acabou transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde faleceu aos 63 anos. A causa: fibrilação ventricular, AVC e insuficiência respiratória.

Continue lendo após a publicidade
Foto: Reprodução
Cartaz Wall Ferraz

Comoção popular

No dia seguinte, Teresina amanheceu de luto. Ruas foram tomadas por pessoas que queriam se despedir do prefeito. O corpo foi sepultado no Cemitério São José, sob forte comoção. Emissoras de TV interromperam a programação. Como secretário de Comunicação, permaneci no Palácio da Cidade, repassando informações à imprensa e organizando a distribuição de cartazes com sua imagem.

Um gestor incomparável

Wall foi um administrador firme, ético e comprometido com os que mais precisavam. Governava com austeridade, rejeitava desperdícios e valorizava a cultura popular. Exigia pontualidade, inaugurava obras já em funcionamento e fazia visitas surpresa. Era respeitado, sem recorrer à demagogia.

Começou na política como vereador e chegou à Prefeitura de Teresina em 1975. Também foi deputado federal e secretário estadual. Criou a Fundação Monsenhor Chaves e, já no último mandato, a Lei A. Tito Filho. Deixou marcas como a Casa da Cultura, o Balé da Cidade e a Orquestra Sinfônica.

Um legado que seguiu forte

Após sua morte, o vice Francisco Gerardo assumiu e manteve a gestão. Em 1996, Firmino Filho, seu ex-secretário, venceu as eleições contra o ex-governador Alberto Silva — início de uma longa hegemonia do grupo político de Wall.

Esse ciclo se manteve até 2020. Em 2024, após um período de ruptura, o povo voltou a confiar em um nome do grupo original: Silvio Mendes.

Presente na memória da cidade

Três décadas depois, Wall Ferraz continua vivo na história e no coração de Teresina. Mais que gestor, foi exemplo, mestre, referência. Um homem que transformou a cidade com trabalho, firmeza e amor ao povo.

Leia também