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Benin tenta golpe televisivo, mas democracia muda de canal

Soldados anunciam tomada do poder; governo diz que motim foi contido e eleições seguem para abril
Redação


No Benin, um grupo de soldados decidiu que, se é para derrubar instituições, melhor começar pelo controle remoto. Na manhã deste domingo (7), o comitê autodeclarado militar apareceu na TV estatal anunciando que havia tomado o poder, suspenso a Constituição e fechado fronteiras. Entre dissolver instituições e prometer uma “era verdadeiramente nova”, faltou combinar com o resto do Exército — e com a própria democracia.

Foto: ReproduçãoMilitares do Benin anunciam golpe em rede nacional
Militares do Benin anunciam golpe em rede nacional

Pouco depois da performance televisiva, o ministro do Interior, Alassane Seidou, foi ao ar para recolocar a história no trilho: segundo ele, trata-se de “um pequeno grupo”, com intenção de desestabilizar o país e suas instituições. O governo afirma que a situação foi contida e que a tentativa de golpe não passou da sala de transmissão.

Pelo menos oito soldados participaram do anúncio liderado pelo coronel Tigri Pascal, prometendo fraternidade, justiça e trabalho — valores que, ironicamente, costumam prosperar melhor com eleições marcadas, como a que o Benin tem prevista para abril, quando o presidente Patrice Talon deixa o cargo sem disputar novo mandato. Um gesto raro na região e que, convenhamos, vale mais para a democracia do que qualquer junta militar com vocação para apresentadora de telejornal.

Tiros foram ouvidos em bairros de Cotonou, maior cidade do país, e a embaçada da França pediu que cidadãos permanecessem em casa. O contexto é delicado: a coalizão governista já havia escolhido o ministro das Finanças Romuald Wadagni como candidato, justamente para manter o ritmo das reformas econômicas. Um processo eleitoral normal — algo cada vez mais precioso na África Ocidental, que acumula nove golpes desde 2020.

O ministro das Relações Exteriores, Olushegun Adjadi Bakari, informou que a maioria das Forças Armadas segue leal ao governo e que o grupo rebelde controlou apenas a TV estatal, cujo sinal foi cortado ainda na manhã de domingo. A tentativa não chegou a virar governo, mas rende um lembrete: quem acredita na democracia, precisa defendê-la até quando o golpe tenta estrear em horário nobre.

Fonte: Revista40graus, Reuters e colaboradores

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