Líder supremo do Irã aparece em público pela 1ª vez após guerra com Israel
Ali Khamenei não era visto desde o dia 11 de junho, dois dias antes do ataque de Tel AvivO líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, 86, publicou neste sábado (5) um vídeo em em que aparece em uma cerimônia em um centro religioso localizado dentro de seu complexo oficial em Teerã, a capital iraniana. A última aparição pública do líder foi em 11 de junho, dois dias antes do início da guerra com Israel.
De acordo com a agência de notícias Reuters, a imagem foi veiculada pela televisão estatal do Irã, após relatos de que Khamenei estava em um "local seguro" desde o início da guerra, na qual comandantes e cientistas nucleares iranianos de alto escalão foram mortos.
O vídeo mostra centenas de pessoas participando de uma cerimônia para marcar a Ashura, o dia mais sagrado do calendário muçulmano xiita. A maior parte está sentada ou ajoelhada e se levanta rapidamente entoando cânticos quando enquanto Khamenei entra no salão.

O aiatolá Ali Khamenei é o segundo líder supremo do país desde a Revolução Islâmica de 1979 e ocupa o cargo mais alto desde 1989. Como chefe de Estado e comandante-chefe das Forças Armadas, incluindo a Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC, na sigla em inglês), sua posição o torna todo-poderoso. Por anos, ele viveu na clandestinidade ou esteve na prisão. Foi preso seis vezes pela polícia secreta do xá, sofrendo tortura.
Em 1980, o aiatolá Ruhollah Khomeini o nomeou líder da oração de sexta-feira em Teerã. Khamenei foi eleito presidente em 1981, antes de ser escolhido por anciãos religiosos em 1989 como sucessor do aiatolá Khomeini, que havia morrido aos 86 anos.
A crise atual tem causas mais profundas, mas seu gatilho foi o programa nuclear iraniano. Trump havia deixado em 2018 acordo que trocava a promessa de Teerã de não buscar a bomba atômica pelo relaxamento de sanções econômicas.
Depois de 12 dias de conflito, Irã e Israel anunciaram cessar-fogo no fim de junho. Teerã afirma que 935 pessoas foram mortas no país durante a guerra; o governo israelense fala em 28 vítimas de seu lado. O conflito teve ainda uma intervenção direta dos EUA. Sob o comando de Donald Trump, Washington bombardeou as principais instalações nucleares iranianas. Dias depois, mediou, de maneira nebulosa, o cessar-fogo vigente até aqui.
Israel e Irã travam há décadas conflitos que alimentam a tensão no Oriente Médio e, com frequência, ganham novos capítulos conforme o cenário geopolítico global muda.
Com a revolução iraniana de 1979 e o regime teocrático de aiatolás, o aiatolá Ruhollah Khomeini passou a usar a causa palestina como um dos seus alicerces simbólicos contra Israel e a enxergar o país como uma extensão de seu inimigo, os Estados Unidos.
Em 1982, Israel invadiu o Líbano, o que acentuou ainda mais a tensão na região. O Irã financiou e apoiou a criação da milícia libanesa Hezbollah, atualmente um dos maiores inimigos de Israel. Teerã também financia o grupo terrorista Hamas, autor dos ataques de 7 de outubro de 2023, que deram origem ao conflito ainda corrente na Faixa de Gaza.
Fonte: Revista40graus e colaboradores