Agiotas de Luxo: Quando o “empréstimo amigo” vira 30% ao mês
Operação Macondo mostra que, no Brasil, legal mesmo só a lei — não a matemática criativa da agiotagemO crime até tenta ser ousado, mas a Justiça, felizmente, continua sabendo fazer contas. Um casal de colombianos foi preso em Teresina após descobrir que cobrar juros acima de 30% ao mês não é empreendedorismo internacional — é agiotagem mesmo, daquelas bem sem criatividade.
A dupla, investigada por participar de um grupo organizado especializado em extorquir vulneráveis, lavar dinheiro e cometer uma lista nada charmosa de delitos, teve a prisão preventiva decretada nesta quinta-feira (11), na segunda fase da Operação Macondo. Além do check-in no sistema prisional, veio também o bloqueio de R$ 5 milhões — porque, aparentemente, o lucro fácil dos “empréstimos sem contrato” rendia mais que muito banco honesto.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Piauí, a nova etapa da operação só confirmou o óbvio: o fluxo financeiro dos investigados era tão incompatível com a renda declarada que nem precisava de lupa para parecer suspeito. Relatórios de inteligência ainda identificaram o bom e velho truque da lavagem de dinheiro com uso de contas de terceiros — a coreografia tradicional desse tipo de negócio ilegal.
O superintendente de Operações Integradas da SSP-PI, Matheus Zanatta, explicou que o casal ocupava cargo de chefia na estrutura criminosa. Durante a prisão, alegaram morar no Piauí há seis anos — aparentemente tempo suficiente para decorar o CEP, mas não para aprender que o Código Penal não é opcional.
As investigações detalham que os empréstimos eram oferecidos sem nenhum contrato, mas com juros de fazer qualquer tabelião desmaiar: mais de 30% ao mês. Na hora da cobrança, o pacote incluía ameaças, constrangimentos públicos e até intimidação de familiares — tudo para garantir que a vítima pagasse mais do que devia e, se possível, continuasse devendo.
Com a Operação Macondo II, coordenada pela SOI com apoio da FEISP, o objetivo é romper esse ciclo predatório e lembrar aos “investidores” que, no Brasil, existe um único tipo de crédito que não admite renegociação: o da Justiça.
Fonte: Revista40graus, SSP-PI e colaboradores
