Namorado de vereadora liderava esquema milionário com empresas de fachada
Segundo a polícia poderá haver outros desdobramentos relacionados ao casoO Departamento de Repreensão ao Narcotráfico (DENARC) detalhou o esquema criminoso que resultou na prisão de 15 pessoas ligadas à facção Bonde dos 40 no Piauí. Pelo menos 9 empresários, donos de lojas de venda de veículos, foram detidos. Outras empresas de diferentes ramos também estão envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro. Cinco pessoas ainda estão foragidas. O líder é apontado como sendo Alandilson Cardoso Passos, namorado da vereadora Tatiana Medeiros.
Ao todo, 15 pessoas foram presas e a polícia identificou um patrimônio de R$ 53,48 milhões, que já foi bloqueado. Desse valor, R$ 8,07 milhões estão relacionados a veículos. A polícia estima que o total pode chegar a R$ 123 milhões, levando em conta transações feitas por outros envolvidos.

De acordo com o delegado Samuel Silveira, coordenador do DENARC, a investigação teve início em 2021, quando a polícia passou a monitorar a movimentação financeira suspeita. O acompanhamento se estendeu até 2024.
“Não foi uma análise pontual. Fizemos um acompanhamento financeiro ao longo dos anos e identificamos a movimentação suspeita de indivíduos com vasta ficha criminal, ligados ao Bonde dos 40. Foram apreendidos mais de 30 veículos, e o número não para de crescer, pois o esquema envolve três revendedoras de carros. Também foram expedidos mandados de prisão para 28 pessoas físicas, mandados de interdição para 9 pessoas jurídicas, e outros mandados de busca e apreensão”, explicou o delegado Samuel Silveira.
Líder da organização criminosa está preso desde dezembro de 2024
O líder da organização criminosa é Alandilson Passos, namorado da vereadora Tatiana Medeiros. O suspeito está preso desde dezembro de 2024, detido em Belo Horizonte. Durante a operação deflagrada hoje, pessoas ligadas a ele foram presas, incluindo duas ex-companheiras.
“Duas ex-companheiras de Alandilson, Carla Bianca (conhecida como Bibi do Pó) e Poliana Bezerra, também foram presas. Todas as prisões estão diretamente relacionadas a ele. Não há um único preso que não tenha ao menos três inquéritos em seu nome. Alandilson já havia sido preso anteriormente e continua sob custódia. Não temos indícios de que ele comandava o tráfico dentro do presídio, mas estamos lidando com uma facção que continua operando, mesmo com a prisão de um de seus membros”, afirmou o delegado.
Em junho, a Polícia Federal descobriu que mesmo preso, tanto Alandilson Cardoso, que está em presídio na cidade de Belo Horizonte, tanto Tatiana Medeiros, que estava na ocasião presa em cela no Comando Geral da Polícia Militar, ambos tinham contato por telefone.
Empresas de fachada usadas para lavagem de dinheiro
Segundo a polícia, uma das empresas comandadas por Alandilson Passos foi registrada em 2009 para atuar no ramo de comércio de veículos automotores, mas nunca exerceu essa atividade no endereço indicado. No local, a polícia encontrou uma clínica odontológica e, anteriormente, funcionava uma academia de boxe. A suspeita é que a empresa nunca tenha realizado qualquer atividade econômica legítima.
“O tráfico de drogas financiava a lavagem de dinheiro através da compra e venda de veículos. A operação envolvia também fraudes bancárias para impulsionar o crescimento empresarial. Quando dizemos que é uma empresa de fachada, não significa que essas empresas não existam, mas que outras empresas vinculadas ao Alandilson estão registradas nesse endereço, enquanto o funcionamento real é de um ramo comercial completamente diferente do declarado”, explicou o delegado.
Entre os presos está o empresário Eliésio Marinho, que já havia sido preso anteriormente pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), acusado de matar a esposa e forjar um suicídio. De acordo com a Polícia Civil, o empresário usava sua concessionária de carros de luxo como disfarce para lavar dinheiro em benefício da organização criminosa. Ele também é investigado por possíveis envolvimentos em fraudes bancárias.
“Ele cometeu um crime de feminicídio há três anos e também faz parte dessa organização criminosa. A sua loja é uma loja que tem muitos veículos, veículos caros. A gente apreendeu mais de 50 carros nas duas lojas. Ele tem essa loja, mas é uma loja de fachada, para lavar dinheiro para o Bonde dos 40”, informou o delegado Edivan Botelho, do Denarc.
Acúmulo de inquéritos criminais
Os presos e investigados na Operação Capital Oculto acumulam um total de 265 procedimentos criminais. Alandilson Cardoso, um dos principais líderes da organização, já possui 19 inquéritos. Seu braço direito, Israel Boanerges, tem 21 registros em sua ficha criminal e chegou a ser apontado no envolvimento na morte da blogueira Samynha Silva, em 2023.
Carla Bianca, conhecida como Bibi do Pó, tem 15 registros criminais, e Poliana Bezerra, 4 registros.
Fonte: Revista40graus e colaboradores