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Polícia investiga ex-vereadores em esquema financeiro na gestão de Dr. Pessoa

Caso segue sendo investigado
Redação

A Polícia Civil informou que dois ex-vereadores estão sendo investigados na operação Interpostos, que apura crimes conhecidos como rachadinha, associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro, supostamente ocorridos na Prefeitura de Teresina durante a gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa (2021–2024). Na mesma ação, durante a Operação Gabinete de Ouro foi presa a ex-chefe de gabinete na gestão de Dr. Pessoa, Suelene da Cruz Pessoa, conhecida como Sol Pessoa, que seria responsável pelo controle do dinheiro do esquema, e mais três pessoas. Segundo a investigação, o ex-prefeito não estava ciente das irregularidades.

Foto: ReproduçãoDelegados da Operação Gabinete de Ouro e Interpostos
Delegados da Operação Gabinete de Ouro e Interpostos

Em nota, Dr. Pessoa afirmou que desconhece qualquer atividade irregular, ilícita ou atípica praticada por servidores durante sua gestão, muito menos com sua anuência ou conhecimento, e que "todos os contratos foram realizados mediante regular processo licitatório, a partir de solicitações das respectivas Secretarias, e com acompanhamento e fiscalização dos fiscais de contrato e da Secretaria Municipal de Administração". (Confira a nota completa ao final da matéria)

Segundo a polícia, hoje foram cumpridos mandados relacionados a dois inquéritos, que miram envolvidos com a gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa. A grande movimentação financeira realizada pelos investigados fez a polícia iniciar as investigações.

“O volume transacionado por eles foi tão grande que o Coaf, órgão de monitoramento financeiro, apontou movimentações atípicas, o que culminou na investigação atual”, explicou o delegado Ferdinando Martins.

Entre os presos estão a ex-chefe de gabinete Suelene da Cruz Pessoa, o servidor público Rafael Thiago, o servidor terceirizado Mauro José e o empresário Marcus Almeida.

Foto: ReproduçãoSuelene da Cruz Pessoa a Sol do Dr.Pessoa
Suelene da Cruz Pessoa a Sol do Dr.Pessoa

Em um dos inquéritos, relacionados a Operação Interpostos, dois ex-vereadores de Teresina estão sendo investigados, mas seus nomes não foram revelados pela polícia, pois a investigação ainda está em andamento. Ninguém foi preso, apenas materiais foram apreendidos.

“A operação Interpostos deflagrada hoje se refere a essa movimentação financeira, principalmente entre dois ex-parlamentares. Um deles movimentou cerca de R$ 5 milhões em 2022 e, entre 2020 e 2023, aproximadamente R$ 14 milhões. A operação de hoje visa diligenciar mais provas e entender melhor esse esquema. Observamos que, dessas transações financeiras atípicas, um dono de empresa, que é ex-parlamentar, teria firmado contratos com o poder público utilizando interpostos, ou seja, terceiros atuando como sócios ocultos, possivelmente para dissimular patrimônio”, explicou a delegada Bernadete Santana.

As duas operações envolvem a gestão do ex-prefeito.

“O Gabinete de Ouro é um inquérito relacionado especificamente movimentações financeiras dessa ex-comissionada que figurava no gabinete do ex-prefeito. A outra operação que é a Interpostos, que seriam esses dois ex-parlamentares que teriam movimentado grandes quantidades financeiras em suas contas pessoais, e se utilizavam de terceiras pessoas, por meio de uma empresa, para firmar contratos com o poder público e dissimular, possivelmente, patrimônio”, disse a delegada Bernadete Santana.

Ex-chefe de gabinete coordenava esquema

Segundo o delegado Ferdinando Martins, a chefe de gabinete do Dr. Pessoa, Sol Pessoa, coordenava todo o esquema. Ela chefiava toda a movimentação financeira do esquema. 

“Ela tinha forte gestão e controle sobre todos os atos da administração pública. Principalmente lotação, realocação de terceirizados, servidores comissionados envolvendo pagamentos a fornecedores. Ela tinha uma forte gestão e controle sobre isso. O trabalho demonstrou que um imóvel foi adquirido por ela tinha vinculação com eventual vantagem ilícita paga”, explica o delegado.

“Esses ex-servidores eram pessoas, amigos pessoais da investigada, que operavam valores também para ela. Ajudavam nessa lavagem de dinheiro dela, pagando despesas pessoais, bens de luxo que ela adquiria, joias, bolsas, reforma de casa. Eles emprestavam as contas e faziam esses pagamentos a mando dela”, afirma o delegado. 

O delegado Ferdinando Martins destacou que ficou demonstrado envolvimento dos presos, que estão com mandado de prisão temporária, de cinco dias.

“O inquérito que envolve diretamente os presos, nós conseguimos demonstrar, por exemplo, que a servidora pública, que era a chefe de gabinete do antigo gestor, ela realmente controlava e gerenciava todos os pagamentos. Ela tinha certa interlocução com fornecedores, donos de construtoras, ela realocava, determinava valores de terceirizados, recebia pedidos de pagamentos e se valia de contas de outras pessoas para fazer essas transferências. Nós identificamos, inclusive, que um motorista do município, por exemplo, citando números, ele depositou R$ 150 mil reais na conta de uma determinada construtora responsável pelo imóvel de reforma e construção da casa dela. Isso ficou bem demonstrado na investigação, fora outras situações que estão caracterizadas”, destacou.

Ex-prefeito não saberia dos crimes

Questionado sobre o conhecimento do ex-prefeito Dr. Pessoa da movimentação que ocorria em seu gabinete, o delegado Ferdinando Martins afirmou que a investigação ainda não possui indícios nesse caminho. 

“Até agora a gente não conseguiu demonstrar, mas era uma assessora e eram motoristas do gabinete dele que faziam essas ações, ajudando essa assessora. O nosso material apreendido e as diligências executadas permitem outros avanços. Nós vamos analisar o material apreendido, os eletrônicos recolhidos, que alguns investigados se deram sem espontaneamente, colaboraram e estão dispostos a colaborar. A gente agora vai fazer a oitiva deles e ver o que eles podem acrescentar e trazer de elementos novos”, encerra. 

Além dos 14 mandados de busca e apreensão cumpridos, a polícia realizou o sequestro patrimonial, como um imóvel, um sítio, um apartamento e três veículos de luxo.

Manifestação Dr. Pessoa

O Cidadeverde.com conversou com o Dr. Pessoa, mas ele não quis comentar a operação. "Procurem os referidos investigados", resumiu.

Por volta das 11h30, o ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, enviou uma nota de esclarecimento. Ele confirma que Sol Pessoa, não possui qualquer grau de parentesco com ele, tratando-se apenas de coincidência de sobrenome. "Dr. Pessoa ressalta ainda que desconhece qualquer atividade irregular, ilícita ou atípica praticada por servidores durante sua gestão, muito menos com sua anuência ou conhecimento". 

NOTA DE ESCLARECIMENTO DR.PESSOA

O ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, vem a público esclarecer que a senhora Sol Pessoa, mencionada em notícia sobre recente prisão, não possui qualquer grau de parentesco com ele, tratando-se apenas de coincidência de sobrenome.

Dr. Pessoa ressalta ainda que desconhece qualquer atividade irregular, ilícita ou atípica praticada por servidores durante sua gestão, muito menos com sua anuência ou conhecimento.

Durante o período em que esteve à frente da Prefeitura de Teresina, todos os contratos foram realizados mediante regular processo licitatório, a partir de solicitações das respectivas Secretarias, e com acompanhamento e fiscalização dos fiscais de contrato e da Secretaria Municipal de Administração.

Por fim, o ex-prefeito reafirma seu compromisso com a transparência, a probidade e o respeito ao erário público, valores que sempre pautaram sua vida pública e sua atuação como gestor.

Teresina (PI), 14 de outubro de 2025

Dr. Pessoa
Ex-Prefeito de Teresina

Fonte: Revista40graus e colaboradores

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