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Lira vira alvo indireto em operação do STF — e silêncio fala mais alto que discurso

Assessora é suspeita de direcionar emendas sob ordens de Arthur Lira, segundo decisão de Flávio Dino
Redação

Se tem algo que Arthur Lira domina, além do comando de votações relâmpago e do “tráfego pesado” de emendas, é o silêncio estratégico. E foi exatamente esse silêncio que ele ofereceu ao país depois que o ministro Flávio Dino, do STF, apontou suspeitas de que sua assessora Mariângela Fialek, a Tuca, teria direcionado emendas sob ordens diretas do então presidente da Câmara.

Foto: Câmara dos DeputadosO deputado Arthur Lira (PP-AL)
O deputado Arthur Lira (PP-AL)

Segundo a decisão, depoimentos de parlamentares revelam que Tuca atuava como uma espécie de “central de operações” do gabinete de Lira, cuidando do encaminhamento das emendas — e com tamanha eficiência que permaneceu influente mesmo após a troca na presidência da Casa. Como diria o manual da boa administração pública, nada como uma assessoria que trabalha sem ser interrompida por… trocas de comando.

Dino descreve um cenário de “fortes indícios” de que Tuca integrava uma estrutura organizada para direcionar emendas de forma indevida, supostamente seguindo ordens da antiga Presidência da Câmara — aquela mesma sob o comando de Arthur Lira, que agora, convenientemente, prefere não comentar “operações em curso”.

Foto: Pedro LadeiraPoliciais federais deixam gabinete da assessoria da presidência da Câmara
Policiais federais deixam gabinete da assessoria da presidência da Câmara

A PGR concordou com a PF: há material sobrando para investigar. Depoimentos de deputados de diferentes partidos reforçam a suspeita de um esquema envolvendo emendas e até o bom e velho orçamento secreto — aquele que Lira jurava não ter dono, embora as digitais sempre aparecessem no mesmo lugar.

A operação Transparência, ironicamente batizada, autorizou busca e apreensão até no local de trabalho da assessora na Câmara. Dino justificou: se o trabalho sob suspeita ocorre ali, nada mais natural do que investigar… ali. É quase pedagógico.

Tuca foi afastada de qualquer função relacionada a emendas — uma medida óbvia para quem é suspeita justamente de usá-las de forma, digamos, criativa. Enquanto isso, a PF apura peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção. Um cardápio variado, digno de quem circula nos corredores onde a palavra “emenda” costuma significar tudo, menos melhoria de texto.

Vale lembrar: no fim de 2024, o próprio Dino já havia suspendido repasses de R$ 4,2 bilhões em emendas por falta de transparência, após denúncia do PSOL sobre manobras feitas por líderes partidários. Tudo isso em um ambiente legislativo onde a “ratificação” de emendas parece ter se tornado sinônimo de “refazer tudo sem passar pelas comissões”.

Mas, no fim, o enredo tem um charme irônico: enquanto as instituições fazem seu trabalho, investigam, documentam e cobram transparência, Arthur Lira — outrora pródigo em entrevistas e declarações de autoridade — agora vai se escondendo atrás de uma cortina de silêncio. E silêncio, às vezes, fala mais que emenda.

Fonte: Revista40graus, STF, mídias, redes sociais e colaboradores

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