'PT tem que defender mais o governo', diz Rafal Fonteles em entrevista ao O Globo
O jornal apontou o governador do Piauí como uma voz jovem e proeminente do PTEm entrevista ao jornal O Globo, o governador do Piauí, Rafael Fonteles, se posicionou como uma das vozes mais jovens e proeminentes do Partido dos Trabalhadores (PT), com 39 anos e matemático de form

ação. Fonteles enfatizou a importância de o PT defender mais ativamente o governo do presidente Lula, especialmente diante da queda de popularidade do líder no Nordeste. Ele também endossou a agenda econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com foco na responsabilidade fiscal.
Inflação dos alimentos é o principal fator para queda de aprovação de Lula no Nordeste
O governador atribui a queda de aprovação de Lula na região ao aumento da inflação dos alimentos. No Piauí, o presidente ainda mantém 65% de aprovação, mas já chegou a ter mais de 70%. Fonteles ressalta que, além da inflação, a comunicação das entregas do governo tem sido um fator crucial para a percepção pública.
Produção agrícola e fortalecimento da economia como soluções para a inflação
Para enfrentar a alta nos preços dos alimentos, Fonteles sugere o aumento da produção tanto da agricultura familiar quanto do agronegócio, e destaca a expectativa de uma melhora na economia para este ano. Ele também aponta o arrefecimento do dólar como uma medida essencial, vinculando essa questão à necessidade de sinais de responsabilidade fiscal. "Defendo que a equipe econômica seja cada vez mais fortalecida", afirmou o governador, expressando total apoio ao ministro Haddad e à meta de obter o grau de investimento, o que, segundo ele, traria acesso a crédito mais barato e atração de investidores internacionais.
Responsabilidade fiscal e o PT
Ao ser questionado sobre a dificuldade do PT em compreender a importância da responsabilidade fiscal, Fonteles reconheceu que o partido é grande e abriga correntes diversas, mas reafirmou sua defesa da política econômica de Haddad. Ele acredita que o PT precisa se unir em defesa do governo Lula e evitar que críticas internas prejudiquem o projeto de reeleição em 2026.
Reformas ministeriais e a composição com o centro
Como novo presidente do Consórcio Nordeste, Fonteles também comentou sobre as prioridades para uma eventual reforma ministerial. Segundo ele, a principal meta é fortalecer a governabilidade no Congresso Nacional, buscando uma base sólida e clara de apoio ao governo. Para as eleições de 2026, o governador defende uma aproximação com o centro e até mesmo com a centro-direita, destacando que essa estratégia será fundamental para enfrentar a polarização com a extrema-direita, que acredita que continuará a ser representada por Jair Bolsonaro ou por alguém ligado a ele.
O papel da comunicação no governo
Fonteles ainda refletiu sobre a necessidade de uma comunicação mais eficaz por parte do governo federal, citando como exemplo a crise do Pix, que gerou insegurança na população por conta de rumores sobre uma possível taxação, algo que não se confirmou. Ele defende que o governo precisa melhorar o "timing" da comunicação, especialmente em tempos de polarização e guerra de narrativas.
Renovação de quadros no PT e eleições de 2030
Quando questionado sobre a renovação de quadros no PT, o governador afirmou que o foco atual do partido é a reeleição de Lula, mas que em 2030 novas lideranças já estarão mais visíveis. Entre os nomes mencionados como potenciais sucessores, Fonteles citou o ministro Fernando Haddad como uma figura nacional com capacidade de liderança.
Relação com os evangélicos
Em relação à comunidade evangélica, um segmento que tem se distanciado do PT nos últimos anos, Fonteles garantiu que, no Piauí, o relacionamento com essa parcela da população é muito positivo. Católico, ele destacou a proximidade de valores entre sua família e a comunidade evangélica, afirmando que temas como defesa da família e ensinamentos cristãos podem aproximar ainda mais fé e política.
Segurança pública e o papel dos estados
Fonteles também comentou sobre a crescente preocupação com a segurança pública, afirmando que essa é uma responsabilidade primordial dos governos estaduais, que comandam as polícias. Ele defendeu a constitucionalização do Sistema Único de Segurança Pública e do Fundo Nacional de Segurança Pública para garantir mais recursos e melhorar a atuação na área, tal como aconteceu na Educação.
A entrevista de Rafael Fonteles ao O Globo reforça sua posição como uma liderança em ascensão no PT e sua visão pragmática sobre os desafios enfrentados pelo governo Lula. Ao alinhar-se à política econômica de Haddad e defender a união do partido em torno do projeto de reeleição, o governador do Piauí se apresenta como uma peça-chave para os próximos passos da gestão petista.