Vagas Livre… Só Quando a Strans Resolve: A Cidade Descobre que Rua é Pública
800 trambolhos usados para “privatizar” vagas e a pergunta: por que só agora, se o flagrante virou patrimônio cultural da calçada?A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) decidiu reforçar a Operação Vaga Livre, aquela iniciativa que lembra aos teresinenses um detalhe quase revolucionário: vagas de rua são públicas, não herdadas, não compradas e, principalmente, não privatizáveis por quem acordou se achando CEO da calçada.
Desde o início do ano, mais de 800 objetos foram retirados das vias públicas — cones, cavaletes, banquinhos, caixotes, pedaços de madeira e até engenhocas dignas de programa de bricolagem, tudo usado para garantir “vaga cativa” de loja, residência ou puro ego mesmo. Material suficiente para montar, fácil fácil, uma exposição no Parque da Cidadania: “A Criatividade do Brasileiro na Arte de Privatizar o Impúblico”.
Segundo a Strans, a operação é educativa e fiscalizatória. Ensina o óbvio: rua não é extensão da garagem. Tudo amparado pelo Código de Trânsito Brasileiro, que proíbe obstruções, bloqueios e tentativas de transformar o espaço público em condomínio particular improvisado — algo que, convenhamos, parecia passar batido há décadas.
A autarquia garante que faz vistorias semanais em todas as regiões da cidade, além de atender denúncias enviadas pela população. E aí surge a pergunta que não quer calar:
Se o hábito de cercar vaga é mais antigo que muito semáforo da cidade, por que essa operação não é rotina há anos?
Afinal, a criatividade para bloquear vagas sempre foi diária — mas a fiscalização, nem tanto.
De qualquer modo, quem quiser ajudar a devolver as ruas aos seus verdadeiros donos (ou seja, todos nós), pode enviar fotos, vídeos e denúncias para o WhatsApp (86) 3122-7617, pela Ouvidoria Municipal ou pelo número 118, canal direto da Strans.
Enquanto isso, seguimos torcendo para que a Operação Vaga Livre não vire apenas um evento especial, mas o novo hábito da cidade: tirar da rua tralhas e devolver o espaço público a quem paga por ele — o cidadão.
