Líderes bolsonaristas comemoraram vitória de Trump, que agora impõe tarifa de 50%

A ignorância é audaciosa
Redação

Diferentes políticos da dita direita bolsonarista comemoraram a eleição de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos, político que agora decidiu impor uma tarifa de 50% ao Brasil.

Atualmente o Brasil paga uma sobretaxa de 10%, que tinham sido anunciadas por Trump em 2 de abril. Agora, segundo anúncio desta quarta-feira (9), a taxação aumentará para 50% a partir de 1º de agosto. Adicionalmente, o país continuará pagando as tarifas de 50% sobre a importação de aço e alumínio.

Entre as cenas de endosso a Trump mais emblemáticas está uma protagonizada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em vídeo postado em seu próprio perfil, ele aparece colocando um boné vermelho com o slogan trumpista "Make America Great Again" (faça a América grande novamente) e diz, sorrindo, "grande dia".

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Foto: Redes Sociais
Tarcísio de Freitas com boné MAGA (Make América Great Again) em apoio a Donald Trump

Antes, em novembro, o governador paulista tinha divulgado um vídeo exaltando o resultado da eleição: "Trump eleito! Começamos o dia celebrando a vitória do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade, da liberdade".

Em abril, Tarcísio chegou também a afirmar que a política tarifária anunciado por Trump naquele momento criava oportunidades e que o Brasil teria "toda a chance de tirar proveito da situação" –enquanto relatório da Secretaria Estadual da Fazenda apontou possível impacto na economia paulista.

Após a vitória de Trump, também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comemorou e classificou o resultado como o "o ressurgimento de um verdadeiro guerreiro" e pediu que ele inspirasse o Brasil a seguir o mesmo caminho.

"Talvez tenhamos uma nova oportunidade de restaurar o Brasil como uma terra de liberdade, onde o povo é senhor de seu próprio destino. Até lá, seguiremos firmes, de pé, cada um de nós, pelo sonho de um Brasil forte, livre e fiel aos seus valores mais elevados", escreveu Bolsonaro ao fim do post publicado em inglês e português.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, por sua vez, apesar de ter feito uma publicação mais sóbria, dando seus cumprimentos pela vitória e desejando que "essa nova fase seja pautada pelo diálogo e pela cooperação internacional", finalizou a mensagem com as palavras "GO TRUMP".

Foto: Redes Sociais
Postagem de Cláudio Castro governador do Rio de janeiro.jpg

Articulando há meses sanções ao Brasil junto ao governo do americano, também o agora deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), comemorou a vitória de Trump. "Bem-vindo de volta, sr. Presidente, ao lugar de onde nunca deveria ter saído", escreveu ele na ocasião. Ele e a ex-primeira dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, foram convidados para a posse do americano.

Nesta quarta, ele fez um pedido para as autoridades brasileiras "evitarem escalar" o conflito com os Estados Unidos para evitar "o pior".

Em post conjunto, na data da posse, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, com os senadores Bia Kicis (PL-DF) e Rogério Marinho, afirmaram estarem "orgulhosos da sábia escolha do povo estadunidense e felizes pela boa relação que o Brasil tem com o país, graças à articulação" de Jair Bolsonaro.

O endosso de parlamentares da direita a Trump chegou a gerar uma "guerra de bonés" no início deste ano. Ministros e aliados do Planalto vestiram um modelo azul que dizia "o Brasil é dos brasileiros", a que deputados bolsonaristas responderam com um boné verde e amarelo, com a frase "Comida barata novamente - Bolsonaro 2026".

Uma comitiva de parlamentares de direita foi aos Estados Unidos na semana da posse, mas a maioria não foi à cerimônia em si, mas a outros eventos. Entre os parlamentares que viajaram ao país estavam, Nikolas Ferreira (PL-DF), Bia Kicis, Marcel van Hattem (Novo-RS), Carla Zambelli (PL) essa última foragida da justiça brasileira.

Kicis, que foi a um restaurante na Virgínia assistir à posse com integrantes de um grupo político de apoio a Bolsonaro formado por brasileiros que moram nos EUA, afirmou à época que se tratava de um "momento de reorganização da direita".

"A esquerda durante muitos anos, décadas, formou uma rede internacional. Agora, a direita está fazendo exatamente isso. A direita no mundo inteiro está se unindo", disse.

Poucos dias após a posse, Nikolas postou "Go Trump" (Vai Trump), junto de um vídeo em que ele aparece no telão durante um jogo de basquete nos Estados Unidos.

Já Fabio Wajngarten, que até recentemente atuava como um dos principais auxiliares de Bolsonaro e foi chefe da Secretaria de Comunicação Social em sua gestão, postou uma foto com um boné com os dizeres "Make America and Brazil Great Again" (faça a América e o Brasil grandes novamente), após a vitória de Trump.

Junto à foto, vinha a mensagem "Para quem estou indo entregar em mãos o boné versão 2026??? Encomendas disponíveis’.

Nesta quarta-feira, enquanto deputados da esquerda chamaram bolsonaristas de "vira-latas", após o anúncio de Trump, e fizeram um apelo pelo nacionalismo, a oposição evitou demonstrar comemoração do tarifaço e buscaram atribuí-lo à política diplomática de Lula (PT) —apesar da longa articulação de Eduardo Bolsonaro (PL) por sanções junto ao governo Trump.

Trump citou Bolsonaro em carta enviada a Lula nesta quarta-feira (9), em que afirma que a sobretaxa será imposta, em parte, devido os "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos". Ele diz também que a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma "vergonha" e que o julgamento contra o ex-presidente é uma "caça às bruxas que precisa ser encerrada".

O presidente americano ainda cita cobranças tarifárias e não tarifárias do Brasil que seriam injustas na visão do republicano. Ele afirma haver déficit com o país, mas, em relação às taxas de importação, os EUA na verdade tem um superávit com os brasileiros.

Na verdade Trump utiliza a questão de Bolsonaro frente a Justiça brasileira como pano de fundo para desencadear sua fome de atenção e poder antidemocrático que vem se revelando a todo momento como uma criança mimada que tem nas mãos um "brinquedo" chamado Estados Unidos da América que pode quebrar por uso indevido.

Veja: Lula reage a Trump e diz que elevação de tarifas será respondida da mesma maneira

Foto: Redes Sociais
Tarcísio de Freitas com boné MAGA (Make América Great Again) em apoio a Donald Trump

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