Piauí pode perder R$ 233 milhões ao ano com tarifa de 50% sobre exportações

Sondagem realizada pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene)
Redação

O impacto para a economia  do Piauí com a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras pode superar os US$ 42 milhões em um ano, o equivalente a R$ 233 milhões considerando a cotação atual do dólar. A estimativa é de uma sondagem realizada pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

Foto: Reprodução
Mel do Piauí

O valor corresponde ao total exportado pelo Piauí aos Estados Unidos ao longo de 2024. No mesmo período, o estado importou mais de US$ 49 milhões (cerca de R$ 272 milhões), o que revela um déficit comercial na relação entre a economia piauiense e a estadunidense.

Em 2025, o cenário permanece semelhante. Nos seis primeiros meses do ano, o Piauí já exportou aproximadamente US$ 20 milhões (cerca de R$ 111 milhões), enquanto as importações de produtos norte-americanos somaram quase US$ 27 milhões (R$ 150 milhões).

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Conforme o estudo feito pela Coordenação de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene, o Nordeste pode perder R$ 16 bilhões em um ano com a tarifa de exportação dos EUA para produtos brasileiros, sendo Ceará, Bahia e Maranhão os estados mais afetados.

“A perda pode representar bem mais de 1% do PIB regional, diretamente, com consequências indiretas bem mais pesadas sobre a cadeia produtiva regional, pois os produtos exportados, em geral, suportam uma longa cadeia de atividades no território, mesmo para aqueles produtos primários” , cita o estudo.

Setores mais afetados
O mel natural é a principal mercadoria vendida pelo Piauí aos Estados Unidos, com mais de US$ 11 milhões (cerca de R$ 62,6 milhões) comercializados apenas no primeiro semestre de 2025. É também o produto que mais deve sentir os efeitos da nova tarifa, que entra em vigor a partir de 1º de agosto.

Confira os principais produtos exportados pelo Piauí aos EUA de janeiro a junho de 2025:

Foto: COMEX 2025
Produtos exportados do Piauí

Os efeitos
Em entrevista a meio de comunicação local, o economista Francisco Prancácio afirmou que a nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros é uma medida “meramente política”. Apesar disso, ele alerta para os impactos econômicos que a medida pode gerar no mercado interno a longo prazo.

“Se não fornecermos o produto para o exterior, vai haver sobra no mercado interno. Isso faz com que, de imediato, os preços dos produtos localmente tendam a cair. Só que as consequências disso, no futuro, podem ser catastróficas. Pode haver, inclusive, impacto na inflação” , comentou.

Prancácio avalia que a situação torna o cenário econômico mais complexo. “A sobra de produtos pode reduzir os preços, mas isso desestimula os produtores nacionais, que não terão um mercado favorável. Se não houver remuneração adequada pelo trabalho e pelos custos, a tendência é que a produção seja reduzida”, disse.

O especialista destaca ainda que um dos efeitos da redução nas exportações é a diminuição da circulação de dólares na economia local. “Essa escassez tende a elevar o câmbio. Isso faz com que boa parte dos produtos que importamos aumente de preço — principalmente em cadeias como a do petróleo” , salientou.

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