Fumaça preta sai da chaminé da Capela Sistina; ainda não há papa

Primeira e única votação nesta quarta-feira (7) terminou sem a eleição do novo pontífice
Redação

Fiéis católicos no mundo todo terão de aguardar ao menos até esta quinta-feira (8) para o 'Habemus Papam'. A primeira e única votação do conclave nesta quarta-feira (7) terminou com fumaça preta na chaminé da Capela Sistina, frustrando o público na praça São Pedro, no Vaticano. O sinal foi dado às 16h de Brasília (21h em Roma), confirmando que o processo para a escolha do novo papa continua.

Foto: Hannah McKay - 7.mai.25/Reuters
Fumaça preta sai da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano

A fumaça preta era, de certa forma, algo esperado diante do histórico dos conclaves. Nenhum dos dez últimos, por exemplo, acabou na primeira votação. De 1903 para cá, o que chegou mais perto disso foi a eleição de Pio 12, em 1939; ele foi escolhido no segundo dia pela manhã, na terceira sessão de votos. Dos mais recentes, Joseph Ratzinger se tornou Bento 16 na quarta votação, e Jorge Mario Bergoglio passou a ser Francisco após a quinta sessão.

"È nera! [É preta!]", gritou uma menina nos ombros do pai, ao ver os primeiros rolos de fumaça saindo da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina. Já era quase noite escura, mas ainda era possível distinguir o tom. A praça São Pedro estava cheia, mas não lotada: alguns fiéis já tinham ido embora, depois de horas de espera.

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A imprensa italiana havia previsto o resultado do primeiro escrutínio por volta das 14h (19h de Roma). Levou duas horas a mais. Impaciente, o público reagiu em alguns momentos com salvas de palmas espontâneas, como se os cardeais pudessem escutar de dentro da Capela Sistina (não, não conseguem).

Foram 3 horas e 14 minutos entre o fechamento das portas da Capela Sistina, que marcou o início do processo, e o sinal de fumaça preta na chaminé. Em relação ao conclave anterior, de 2013, a sessão foi mais longa em mais de uma hora. Essa aparente demora pode ter ocorrido, em parte, pelo fato de que há mais cardeais eleitores desta vez. São 133, 18 a mais que os 115 que votaram em 2013. Como cada um deles tem de fazer um juramento antes de depositar seu voto, esse processo leva mais tempo.

"A demora criou uma expectativa alta de que seria já de imediato uma fumaça branca", disse o paulistano Daniel Dias, que estava na praça com a noiva, Caroline. "Não estamos frustrados, estamos na verdade esperançosos para que amanhã, sim, seja um grande dia", afirmou, acrescentando que os dois estarão de novo na praça nesta quinta às 4h30 (9h30 locais), horário previsto para o início da segunda votação.

Em seu último dia de viagem à Itália, o mexicano Ángel Almaraz deixou a praça frustrado. "Foram praticamente quatro horas esperando, estou muito cansado. Depois de uma hora, pensamos que haveria papa hoje, mas temos de continuar esperando", disse.

Veja o perfil dos favoritos no conclave

Pietro Parolin, 70 (Itália): favorito, é um moderado aberto a reformas

Péter Erdo, 72 (Hungria): pode reverter posições de Francisco

Charles Bo, 76 (Mianmar): crítico contundente da China

Luis Antonio Tagle, 67 (Filipinas): o 'Francisco asiático', pode continuar abertura

Malcolm Ranjith, 77 (Sri Lanka): crítico do socialismo, proibiu mulheres no altar

Fridolin Ambongo Besungu, 65 (República Democrática do Congo): contra a bênção para casais LGBTQIA+

Pierbattista Pizzaballa, 59 (Itália): propôs ser refém do Hamas para libertar crianças

Anders Arborelius, 75 (Suécia): opção para continuidade

Willem Eijk, 71 (Holanda): médico, une a ciência à religião

Matteo Zuppi, 69 (Itália): o mais à esquerda entre os papáveis

Robert Sarah, 79 (Guiné): aposta conservadora para primeiro papa negro

Jean-Marc Aveline, 66 (França): pró-imigrantes e favorito de Francisco

O dia começou para os cardeais votantes com a missa "Pro Eligendo Pontifice" (para a eleição do pontífice), às 5h (10h locais), na Basílica de São Pedro. A celebração foi conduzida pelo decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, 91, o mesmo cardeal que presidiu a cerimônia do funeral de Francisco, no dia 26 de abril. Na cerimônia, os religiosos que votam no conclave pediram orientação espiritual para o escrutínio na Capela Sistina.

Horas depois, os cardeais seguiram para uma reza na Capela Paulina antes de partirem, em procissão, para a Capela Sistina. Às 12h46, o mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, o arcebispo italiano Diego Giovanni Ravelli, proclamou o "extra omnes" (todos fora), ordenando que todos os que não participam da eleição deixassem a Sistina. As portas foram trancadas, marcando o início do conclave.

Encerrada esta primeira votação, os cardeais partiram para seus aposentos —a maioria está hospedada na Casa Santa Marta—, para descansar e continuar o conclave nesta quinta. A partir deste segundo dia, são duas votações no turno da manhã e duas no período da tarde/noite. Se o primeiro escrutínio de cada turno não eleger um candidato, o seguinte começa imediatamente.

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