O que diz nova carta de Trump a Bolsonaro, o agora antipatriota e oportunista

A tentativa de intromissão é desmedida, inconsequente, desrespeitosa e infundada
Redação
Foto: Reprodução
Donald Trump e Jair Bolsonaro durante um jantar em Mar-a-Lago, Palm Beach, Flórida, em março de 2020

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a demonstrar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em carta divulgada nesta quinta-feira (17/07), com timbre da Casa Branca, Trump faz críticas duras ao sistema de Justiça brasileiro e sugere novas medidas contra o Brasil, inclusive comerciais.

O gesto ocorre poucos dias após o governo americano anunciar um 'tarifaço' de 50% sobre produtos brasileiros.

Leia o que diz a carta na íntegra:

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"Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!

Não estou surpreso em vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país.

Compartilho seu compromisso de ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, vindos do atual governo.

Manifestei veementemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política tarifária.

É minha sincera esperança que o Governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar oponentes políticos e acabe com seu ridículo regime de censura. Estarei observando de perto."

A mensagem foi publicada por Trump em sua rede social, o Truth Social, e reforça o discurso de que Bolsonaro estaria sendo vítima de perseguição judicial. A mensagem é infundada e inconsequenta e revela quanto Bolsonaro e família pensam somente em se e estão começando a serem taxados de antipatriotas e traidores do Brasil.

O ex-presidente brasileiro é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a tentativa de golpe de Estado, além de outros crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro liderou uma organização criminosa armada destinada a desacreditar o sistema eleitoral e incitar ataques às instituições democráticas. O julgamento no STF ainda não tem data marcada, mas já está em sua fase final.

O envio da carta acontece também num momento de tensão comercial entre os dois países. Desde que anunciou a sobretaxa contra produtos brasileiros, Trump vem ligando decisões comerciais a questões políticas e judiciais internas do Brasil. Em declarações recentes, o presidente americano afirmou que considera o processo contra Bolsonaro uma "caça às bruxas" e sugeriu que novas sanções poderão ser adotadas.

O governo brasileiro reagiu. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirmou que "não há nenhuma relação entre questões do poder judiciário e tarifas", ressaltando que o Brasil mantém a separação entre poderes como princípio do Estado Democrático de Direito.

Já a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi mais dura: classificou a carta como uma "chantagem contra o Brasil". Para ela, Trump tenta impor condições políticas ao país para suspender sanções econômicas, o que representaria um ataque à soberania brasileira.

Bolsonaro, por sua vez, agradeceu publicamente a Trump. Em vídeo nas redes sociais, o ex-presidente leu trechos da carta e reforçou que o processo no STF seria uma tentativa de "alijar a maior liderança de direita da América do Sul". Lembrando mais uma vez que Bolsonaro está inelegivel e réu no STF por supostos crimes contra a nação brasileira por tentativa de golpe de Estado.

Enquanto isso, o governo Lula tenta abrir um canal de diálogo com Washington. Uma carta foi enviada à Casa Branca colocando o Brasil à disposição para negociar questões comerciais, mas até agora, segundo apurou o UOL, não houve resposta formal dos americanos.

Fontes próximas a Trump indicam que o presidente não pretende conversar diretamente com Lula por ora, mas não descartam uma negociação futura.

Trump visa tão somente seus intertesses pessoais e usa discurso e ações de forma pacional.

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