Pré-candidato à Presidência da Colômbia sofre atentado durante evento em Bogotá
Miguel Uribe, 39, fazia um discurso quando foi atingido por disparos; suspeito detido tem 15 anos
RedaçãoMiguel Uribe, um senador de direita e pré-candidato à Presidência da Colômbia nas eleições previstas para maio de 2026, foi baleado neste sábado (7) em Bogotá.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram o homem de 39 anos fazendo um discurso diante de várias pessoas quando se ouvem disparos. Em outra imagem, ele aparece deitado sobre um veículo, com o corpo ensanguentado, sendo amparado por um grupo de homens, que parecem tentar estancar um sangramento em sua cabeça.
Uribe foi levado para o hospital e, nas primeiras horas deste domingo (8), "superou com êxito sua primeira cirurgia", segundo o prefeito da capital colombiana. No X (antigo Twitter), a esposa do político, Maria Tarazona, disse que ele "está lutando por sua vida".
Veja pelo X o momento do atentado.
Citado pelo jornal El Tiempo, o general Carlos Beltrán, diretor geral da Polícia Nacional da Colômbia, disse que o suspeito detido é menor de idade —os relatos são de que ele tem 15 anos. Segundo testemunhas, ele teria chegado em uma moto e disparado três vezes contra Uribe, antes de ser baleado na perna por um dos seguranças do senador.
Segundo o jornal El País, Uribe foi levado com rapidez a uma clínica da capital, e os relatos indicavam que o político estava em estado grave. O prefeito de Bogotá, Carlos Galán, informou que o senador estava "sendo atendido em caráter de urgência". Por sua vez, o ministro da Defesa, Pedro Sánchez, condenou o atentado e havia anunciado na rede social X uma recompensa equivalente a pouco mais de R$ 4 milhões por informações que levassem à captura dos responsáveis.
Uribe é filiado ao partido Centro Democrático, liderado pelo influente ex-presidente Álvaro Uribe (sem parentesco), que governou o país por dois mandatos consecutivos de 2002 a 2010. Em outubro passado, ele anunciou sua intenção de concorrer à Presidência em 2026 para suceder Gustavo Petro, de quem é um crítico ferrenho.
Em maio, o portal La Silla Vacía compilou oito pesquisas eleitorais, que indicavam Uribe como o 7º colocado nas intenções de voto, com 4,4% e empatado com Maria Fernanda Cabal, outra postulante do Centro Democrático.
Com formação acadêmica em direito, administração e políticas públicas, ele foi o vereador mais jovem a ser eleito em Bogotá. Na eleição ao Senado, obteve a maior votação na história do país.
O governo de Gustavo Petro repudiou "de maneira categórica e contundente o atentado" contra Uribe, que participava de um ato de campanha na zona oeste da capital colombiana.
"Esse ato de violência é um ataque não apenas contra a integridade física do senador, mas também contra a democracia, a liberdade de pensamento e o exercício legítimo da política na Colômbia", diz o comunicado.
O próprio presidente também escreveu em seu perfil no X uma mensagem que indica que Uribe foi morto. "Colômbia e sua violência eterna. Querem matar o filho de uma mulher árabe em Bogotá, a quem já haviam assassinado, e não se deve matar no coração do mundo. Matam tanto o filho quanto a mãe", disse Petro, em referência ao fato de que a mãe do senador foi morta em um ato de violência.
"Minha solidariedade à família Uribe e à família Turbay. Não sei como aliviar a dor deles. É a dor de uma mãe e de uma pátria perdidas", completa o presidente.
O site oficial de Miguel Uribe diz que a mãe do senador, Diana Turbay, morreu "nas mãos do narcoterrorismo" e que o episódio o levou a entender "que sua missão era lutar por um país seguro, livre e em paz". Diana era jornalista, foi sequestrada em 1990 por Pablo Escobar e morta no ano seguinte. O senador também é neto do ex-presidente Julio César Turbay Ayala, que governou a Colômbia de 1978 a 1982.
"Atentaram contra uma esperança da pátria, contra um grande esposo, pai, filho, irmão, contra um grande colega de trabalho. Pedimos a Deus pela recuperação de Miguel. Confiamos nos médicos, nas Forças Armadas, na Justiça. Apelamos à reflexão da cidadania", escreveu Álvaro Uribe.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, condenou "nos termos mais veementes" o ataque contra Miguel Uribe e associou o crime ao governo de Petro. "Trata-se de uma ameaça direta à democracia e do resultado da retórica violenta da esquerda, vinda dos mais altos escalões do governo colombiano. Tendo testemunhado em primeira mão o progresso da Colômbia nas últimas décadas para consolidar a segurança e a democracia, o país não pode se dar ao luxo de voltar aos dias sombrios da violência política. O presidente Petro precisa moderar a retórica inflamatória e proteger as autoridades colombianas".
A população colombiana conviveu com assassinatos de políticos e presidenciáveis no fim da década de 1980 e início dos anos 1990. Casos como os dos candidatos de esquerda Jaime Pardo Leal e Bernardo Jaramillo, da União Patriótica; Carlos Pizarro, da Aliança Democrática M-19; e de Luis Carlos Galán —pai do atual prefeito de Bogotá—, do Novo Liberalismo, ainda reverberam na memória política do país.
O atentado contra Galán, ocorrido em 1989, tem características semelhantes aos do ataque deste sábado que vitimou Uribe. Galán também estava em um palco quando atiradores o alvejaram, mesmo diante da presença de câmeras que gravavam seu comício. Outro caso famoso foi o do ex-ministro da Justiça Rodrigo Lara Bonilla, político que combateu o narcotráfico liderado por Pablo Escobar.
O atentado contra Miguel Uribe também remete ao ocorrido contra outro político presidenciável na América do Sul, mas em Quito, no Equador. Em 9 de agosto de 2023, a 11 dias do primeiro turno, o candidato Fernando Villavicencio, foi vítima de um atentado a tiros após sair de um comício.
Ele foi baleado enquanto entrava em um carro e morreu pouco depois em um hospital. A facção Los Lobos reivindicou a autoria do ataque. O caso ganhou repercussão internacional e elevou o debate acerca da segurança pública e da violência política no Equador ao longo do pleito.