USP sedia ato em defesa da soberania nacional diante da taxa imposta pelos EUA

Mais de 200 entidades assinaram manifesto divulgado durante o ato
Redação
Foto: Reprodução | Cecília Bastos/USP Imagens
Representantes de movimentos sociais, partidos políticos, juristas, universidades, centrais sindicais e entidades da sociedade civil realizaram um ato pela defesa da soberania nacional

Representantes de movimentos sociais, partidos políticos, juristas, universidades, centrais sindicais e entidades da sociedade civil realizaram, nesta sexta-feira (25), um ato pela defesa da soberania nacional. O evento foi realizado no salão nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Durante o ato, foi lido um manifesto que contém críticas às tentativas de intervenção na democracia brasileira. O evento acontece diante da tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que está prevista para entrar em vigor em 1° de agosto.

Mais de 200 entidades também assinaram a carta em defesa da soberania nacional, divulgada durante o ato.

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“Intromissões estranhas à ordem jurídica nacional são inadmissíveis. Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros”, diz a carta.

O diretor de Direito da USP, Celso Fernandes Capilongo, afirmou que a “intromissão estrangeira” dos Estados Unidos é uma ameaça à soberania do Brasil.

"O que está em jogo é uma ordem mundial que seja democrática, que respeite as instituições e direito internacional. O que está sendo ameaçado não é apenas a soberania do Brasil, é a lei internacional. Hoje é conosco, amanhã com quem?”, disse Capilongo.

A carta

Leia a carta completa:

“A soberania é o poder que um povo tem sobre si mesmo. Há mais de dois séculos o Brasil se tornou uma nação independente. Neste período, temos lutado para governar nosso próprio destino. Como nação, expressamos a nossa soberania democraticamente e em conformidade com nossa Constituição.

É assim que, diuturnamente, almejamos alcançar a cidadania plena, construir uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais e, ainda, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Nas relações internacionais, o Brasil rege-se pelos princípios da independência nacional, da prevalência dos direitos humanos, da não-intervenção, assim como pelo princípio da igualdade entre as nações. É isso o que determina nossa Constituição.

Exigimos o mesmo respeito que dispensamos às demais nações. Repudiamos toda e qualquer forma de intervenção, intimidação ou admoestação, que busquem subordinar nossa liberdade como nação democrática. A nação brasileira jamais abrirá mão de sua soberania, tão arduamente conquistada. Mais do que isso: o Brasil sabe como defender sua soberania.

Nossa Constituição garante aos acusados o direito à ampla defesa. Os processos são julgados com base em provas e as decisões são necessariamente motivadas e públicas. Intromissões estranhas à ordem jurídica nacional são inadmissíveis.

Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros.

Brasileiras e brasileiros, diálogo e negociação são normais nas relações diplomáticas, violência e arbítrio, não! Nossa soberania é inegociável. Quando a nação é atacada, devemos deixar nossas eventuais diferenças políticas, para defender nosso maior patrimônio. Sujeitar-se a esta coação externa significaria abrir mão da nossa própria soberania, pressuposto do Estado Democrático de Direito, e renunciar ao nosso projeto de nação.

Somos cem por cento Brasil!”

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