Operação Cobre Sujo lembra que cabo furtado também dá cadeia
Polícia desmonta esquema em Teresina e prova que a lei segue ligada no 220V
RedaçãoA ideia de “desligar” o sistema de videomonitoramento da cidade para fazer dinheiro rápido durou pouco. Na manhã desta sexta-feira (19), a Secretaria da Segurança Pública do Piauí, por meio da Polícia Civil e da Polícia Militar, deflagrou a Operação Cobre Sujo, voltada ao combate ao furto de cabos de cobre do Sistema Público de Videomonitoramento Urbano com Inteligência Artificial (SPIA) e à repressão dos pontos de receptação do material ilícito em Teresina.
A ação cumpriu mandado de prisão preventiva e diversos mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela Justiça. O crime ocorreu entre a noite de 27 e a madrugada de 28 de novembro, quando instalações elétricas de bases do SPIA foram furtadas na Avenida Henry Wall de Carvalho e no cruzamento da Avenida Mestre Dezinho com a Rua Jornalista Olímpio Guilherme Lustosa, nos bairros Parque São João e Morada Nova, zona Sul da capital. O resultado foi um apagão temporário de cerca de 10 horas nas câmeras, além do prejuízo direto à segurança pública.
As investigações revelaram que o autor agiu sem escadas ou equipamentos de proteção, utilizando habilidade física e conhecimento técnico para cortar a fiação com precisão — um “talento” que, ao que tudo indica, não impressionou a Justiça. Após análise das estruturas danificadas, diligências de campo e oitivas, a Polícia Civil conseguiu reconstruir toda a dinâmica do crime.
A identificação de J.L.B.R. ocorreu a partir do cruzamento de imagens do próprio SPIA, captadas antes da interrupção do sistema, com registros de câmeras privadas de residências e comércios próximos. Porte físico, vestimentas e padrão corporal fecharam a conta.
Durante o interrogatório, o investigado confessou os furtos e relatou que queimava os cabos para extrair o cobre, descartando o restante. O material era vendido em sucatas da capital, o que levou a investigação a avançar sobre os pontos de receptação — lembrando que, para a lei, quem compra também responde.
Com base nas provas, a Justiça decretou a prisão preventiva do suspeito, considerando a gravidade dos fatos, o risco de reiteração criminosa e os danos causados à coletividade. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em estabelecimentos suspeitos de receber o cobre furtado, entre eles as sucatas Recicle Vidros, Sucata Ferrovia, Sucata Ferro Velho e Sucata O Assis, localizadas no bairro São Pedro e na região da Avenida Pedro Freitas.
O superintendente de Operações Integradas, delegado Matheus Zanatta, destacou que o crime vai além do prejuízo financeiro. “Esse tipo de furto compromete diretamente a segurança da população. A investigação permitiu identificar o autor, mapear a rota do cobre e atingir os pontos de receptação, enfraquecendo toda a cadeia criminosa”, afirmou.
Zanatta também ressaltou o papel estratégico do SPIA, lançado em agosto, com investimento superior a R$ 23 milhões. O sistema conta com postes inteligentes equipados com câmeras de última geração, capazes de reconhecimento facial, leitura automática de placas e monitoramento de alvos a longas distâncias. Em resumo: mexer com a infraestrutura da segurança pública pode até parecer um bom negócio — até a polícia aparecer com o disjuntor da lei ligado.