Quatro suspeitos do assassinato de estudante em escola de Teresina são detidos

Caso segue sendo investigado
Redação

Um casal foi preso e dois adolescentes apreendidos na madrugada desta sexta-feira (15), suspeitos de envolvimento no assassinato do estudante Mariano Moura, de 16 anos. O crime ocorreu dentro de uma escola estadual na manhã de quinta-feira (14), no bairro Esplanada, zona Sul de Teresina. As prisões foram realizadas no bairro Residencial Torquato Neto e também nas imediações da escola. Outros dois suspeitos do crime continuam foragidos, entre eles o atirador.

Foto: Reprodução
Mariano Moura

O estudante, que também era atleta do River, foi atingido com tiros na cabeça, pescoço e peito. A suspeita da polícia é de que o jovem fosse simpatizante de uma facção criminosa rival à dos criminosos, e teria postado, dias antes do crime, uma foto com uma arma de fogo.

Conforme a Polícia Civil, o crime tem ligação com a atuação de facções criminosas na região. Testemunhas relataram à polícia que o autor dos disparos entrou na escola usando capacete, acessando o prédio pelo muro dos fundos. Câmeras de segurança registraram a movimentação do suspeito.

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As investigações apontam que Mariano Moura foi atraído para uma área da escola onde não havia cobertura de câmeras. Seu celular foi vistoriado, e nele foi encontrada uma foto com uma arma de fabricação artesanal.

Essa arma, segundo os investigadores, seria reconhecida como de uso comum entre membros de uma facção rival, o que teria motivado a execução.

O delegado Barêtta, coordenador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), confirmou que a vítima e outros alunos faziam uso constante de drogas dentro da escola.

"Ele e outros alunos usavam drogas em um ponto cego da escola, local sem cobertura de câmeras", declarou.

Dentro das dependências da escola, a polícia encontrou pichações com menções a uma facção presente na região.

Testemunhas relataram novamente à polícia que o autor dos disparos entrou na escola usando capacete e acessou o prédio pelo muro dos fundos. As câmeras de segurança registraram a movimentação do suspeito.

"Nós já identificamos o atirador. Conseguimos verificar, por meio das câmeras, que ele entra pela rua lateral, atrás do colégio, e acessa o local pulando o muro. O atirador teria recebido informações privilegiadas para acessar o local do crime", explicou.

Sobre o comportamento do estudante, o delegado afirmou que ele frequentava a escola regularmente:

"Ele era um estudante regular na escola. Contudo, fazia uso de entorpecentes e já estava se engajando com uma facção criminosa. Existe uma rivalidade na região com outra facção. Mas tudo está sendo devidamente averiguado", acrescentou.

Histórico criminal do atirador

O atirador, identificado pela policia como um adolecente de A.A.P., de 17 anos, já possuía um histórico extenso de atos infracionais.

Em janeiro deste ano, ele foi apreendido por roubo (AFAI), foi internado por 45 dias no Centro Educacional de Internação Provisória (CEIP). Durante a internação, voltou a ser conduzido por dano e ameaça.

No último mês de abril, tornou-se alvo de novo inquérito por roubo, sendo internado novamente em 25 de maio. No último dia 14 de julho, o suspeito recebeu liberdade assistida e, menos de um mês depois, cometeu o homicídio de Mariano.

2024

Janeiro: Flagrante por tentativa de roubo (AFAI).

Fevereiro: Investigado pela Delegacia de Segurança e Proteção ao Menor (DSPM) por roubo.

O histórico revela reincidência constante e fragilidade do sistema na contenção de crimes cometidos por adolescentes. Apesar das apreensões e internações, o jovem retornou rapidamente à prática criminosa.

Para o secretário de Segurança Pública, Chico Lucas, o caso escancara a ineficácia da legislação atual na contenção da violência praticada por menores ligados a facções:

" Demora no julgamento de processos por atos infracionais graves faz com que adolescentes sejam colocados em liberdade assistida de forma abrupta. A cada nova ocorrência, reforça-se a sensação de impunidade, estimulando a reincidência e aumentando a audácia dos jovens infratores" declarou.

Ações preventivas na escola

A escola onde o crime ocorreu já havia sido alvo de ações preventivas por parte da polícia. Na última semana, agentes das forças de segurança estiveram no local realizando palestras sobre o combate ao uso de drogas e ao envolvimento com facções.

A região onde está localizada a escola, próxima à Vila Irmã Dulce, é conhecida por estar sob forte influência de organizações criminosas.

Familiares da vítima contestam qualquer envolvimento do adolescente com o crime. Um tio de Mariano, muito abalado, declarou:

"Ele não tinha envolvimento com nada. Era um menino que estudava, que estava treinando. Tinha proposta de clubes para treinar e jogar. Só ele e a mãe. Não sei como é que a mãe vai sobreviver a isso", relatou.

A Secretaria de Segurança deve conceder uma entrevista coletiva ainda nesta sexta-feira para divulgar mais detalhes sobre o caso. Enquanto isso, a polícia segue nas buscas pelos demais suspeitos.

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