Trader investigado por golpe é alvo de operação em Teresina; mais de 300 vítimas
A investigação segue
RedaçãoO Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu, na manhã desta quinta-feira (18), sete mandados de busca e apreensão, sendo cinco em Teresina e dois em Timon, no Maranhão, durante a Operação “Extrema Confiança”. A ação investiga o empresário Francisco das Chagas, conhecido como Chico, suspeito de aplicar golpes milionários com promessas de investimentos na Bolsa de Valores.
As diligências ocorreram nos bairros Parque Piauí e Mangueira, em Teresina e Timon, e resultaram na apreensão de documentos, pendrives e aparelhos celulares nas residências de pessoas ligadas à empresa, que atuava na execução de serviços financeiros na Bolsa de Valores.
Segundo as investigações, a empresa representada por Francisco das Chagas realizava operações de valores mobiliários na Bolsa de Valores do Brasil utilizando o capital das vítimas e prometia rendimentos de até 10% ao mês sobre o valor investido.
Em 2025, a empresa deixou de pagar os rendimentos, e o seu representante desapareceu, causando prejuízos milionários. Estima-se que mais de 300 pessoas nos estados do Piauí e Maranhão foram vítimas do esquema.
A coordenadora do Gaeco no Piauí, Lenara Porto, destacou que durante as diligências foram coletados documentos que estão sendo analisados pelo Gaeco e pela Polícia Civil.
"Esses documentos ajudam a comprovar a ligação de algumas pessoas envolvidas com a empresa investigada", explicou.
A coordenadora também enfatizou que o principal alvo da operação era Francisco das Chagas, mas também envolvia outras pessoas.
"Além do empresário, outras pessoas se apresentavam como sócias ou funcionários, algumas atuavam diretamente na captação de clientes. No entanto, durante os depoimentos, algumas dessas pessoas negaram ser sócias da empresa, revelando diferentes tipos de envolvimento no esquema", acrescentou.
O delegado da Polícia Civil, Luciano Alcântara, informou que a empresa encerrou suas atividades em junho deste ano. Das cerca de 300 vítimas, 135 registraram boletins de ocorrência contra o empresário, e até o momento 80 pessoas já foram ouvidas na investigação.
"A investigação foi iniciada em julho de 2025 e trata, possivelmente, dos crimes de estelionato qualificado e associação criminosa. O principal acusado já foi interrogado por videoconferência e que a fase atual das investigações envolveu o cumprimento dos mandados de busca para apurar o envolvimento de pessoas ligadas direta ou indiretamente ao representante da empresa", pontuou.
Inicialmente, a empresa foi aberta em nome de outra pessoa, que também foi alvo de mandado de busca na operação. Em 2023, a empresa passou oficialmente para o nome de Francisco das Chagas.
Ainda de acordo com o delegado, os crimes em apuração incluem estelionato qualificado, que prevê pena de quatro a oito anos de prisão, e associação criminosa.
"Por envolver operações financeiras feitas com capital de terceiros, o estelionato qualificado não permite acordo de não persecução penal", destacou.
A apuração continua em andamento e que a equipe está empenhada em colher o máximo de informações para dar uma resposta rápida às vítimas.
Entenda o caso
Chico se apresentava como “trader”, profissional que compra e vende ações, moedas ou commodities na Bolsa de Valores, e prometia ganhos de até 10% com as flutuações do mercado. Além de atuar no ramo de investimentos, ele também era conhecido pela organização de festas.;
Segundo relatos de clientes, o empresário desapareceu com o dinheiro aplicado. Uma das vítimas informou a meio de comunicação ter tido prejuízo de R$ 140 mil, após investir acreditando no retorno seguro prometido.
Apesar dos investigações ainda estarem em andamento, acredita-se que o prejuízo total supere os R$ 100 milhões. Chico é investigado por estelionato qualificado e associação criminosa.
Ele já prestou depoimento à Polícia Civil do Piauí (PC-PI) por meio de videochamada e negou ter aplicado golpes financeiros. O empresário declarou ainda que estava fora do país por medo.