Tratorista é indiciado após morte de menino em aterro na zona Sul de Teresina

Lamentável fato
Redação

O motorista de trator que atropelou e matou o menino David Kauan Silva da Costa, de 12 anos, no aterro sanitário de Teresina, foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O caso aconteceu na madrugada do dia 22 de junho, na Vila Dagmar Mazza, Zona Sul da capital.

Foto: Redes Sociais
David Kauan Silva da Costa

De acordo com a investigação, o tratorista tinha ciência de que pessoas costumavam dormir no local durante a noite, prática comum entre catadores de lixo, e agiu com imprudência ao realizar a manobra do veículo.

“O resultado foi homicídio culposo praticado no exercício da atividade profissional do operador do trator. Ele não teve intenção, mas, como tinha informações de que pessoas dormiam no local, foi imprudente”, explicou o delegado Leonardo Costa, da 4ª Delegacia Seccional.

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Entre os fatores que contribuíram para o atropelamento estão a baixa iluminação e a falta de segurança no aterro.

O exame cadavérico confirmou que as lesões eram compatíveis com as esteiras do trator. A causa da morte da criança foi apontada como insuficiência respiratória aguda, decorrente de traumas por esmagamento.

O inquérito foi concluído no dia 28 de julho e remetido ao Ministério Público do Piauí.

O sonho interrompido

Aluno do 7º ano, David Kauan sonhava em ser policial, ajudar a família e, um dia, pintar as paredes da casa. Também sonhava em comprar uma bicicleta motorizada. Foi por isso que, escondido da mãe, decidiu passar a noite no aterro, em busca de materiais recicláveis que pudesse vender.

No dia de sua morte, David guardava em sua mochila uma prova com nota boa, conquista rara que ele queria comemorar com a mãe comprando pizza e açaí. Em casa, deixou pendurada na parede sua pipa favorita, além dos cadernos, a mochila e a beliche dividida com as duas irmãs.

Gostava de brincar, mas desde cedo demonstrava preocupação com a família. Filho de uma catadora de recicláveis e órfão de pai, queria ajudar em casa e, muitas vezes, saiu escondido para capinar terrenos ou trabalhar em carvoarias.

Dor e apelo da família

A avó, Maria Albetiza Silva, contou ao Cidadeverde.com que a mãe do menino havia proibido as idas ao lixão, justamente por medo dos riscos. “Ela dizia que ele tinha o sono muito pesado, que não era para ir. Achou que ele estava no quarto dormindo, mas ele tinha saído escondido. Quando soube, já era tarde”, relatou.

Mesmo em meio à dor, a avó pede que a tragédia deixe algum legado.

“Se tivesse iluminação, talvez o tratorista tivesse visto. Não queria que o lixão fosse fechado, porque muitas famílias dependem de lá, mas que pelo menos houvesse refletores, carros-pipa para diminuir a poeira. Que a morte dele não seja em vão”, desabafou.

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