“Velho Coroa”: criminoso multitarefas é preso após década fugindo da polícia

Líder do sul do Piauí trocava facções como quem troca de bairro — até ser localizado no Pará
Redação

Joabe da Silva Aguiar, 40 anos, conhecido como “Velho Coroa”, foi preso nesta terça-feira (9) em Belém do Pará. Apontado pela Polícia Civil do Piauí como um dos criminosos mais perigosos do extremo sul do estado, ele é suspeito de comandar homicídios e execuções em pelo menos cinco cidades piauienses, coordenando o crime à distância — uma espécie de “liderança remota” nada corporativa.

Foto: SSP-PI
Prisão de Joabe da Silva Aguiar

Segundo a delegada-geral Luccy Keiko, Joabe era alvo prioritário das forças de segurança por sua alta periculosidade e pela habilidade de se esconder em diferentes estados usando identidades falsas. Uma carreira nacional do crime, com atuação simultânea no Piauí, Goiás, São Paulo e Pará. “Quando tinha homicídio na região de Avelino Lopes e Corrente, o mando partia do Joabe”, afirmou.

Foto: Reprodução
Lucci Keiko em entrevista coletiva

A polícia destaca que o preso chegou a ter vínculos com mais de uma facção criminosa, mudando de lado sem perder o status de liderança. O delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da SSP, explicou que, após conflitos internos, ele rompeu com uma facção tradicional e criou seu próprio grupo: a chamada Tropa do Coroa — empreendedorismo criminal de alto risco.

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A disputa de território entre grupos resultou em diversos homicídios, alguns registrados em estradas vicinais e, em certos casos, filmados pelos executores, evidenciando o conflito por pontos de tráfico. “Quando a situação esquentava de novo, eram os mandos do Velho Coroa, de onde ele estivesse”, disse Nery.

Joabe estava no radar das forças de segurança desde 2013 e foi condenado a 49 anos de prisão pelo duplo homicídio de um casal envolvido com o tráfico. Ele fugiu da Penitenciária de Bom Jesus em 2016, o que permitiu reorganizar sua estrutura criminosa e ampliar sua influência em cidades como Gilbués, Curimatá e Bom Jesus.

Foto: SSP-PI
Prisão de Joabe da Silva Aguiar

De acordo com o delegado Celso Benício, Joabe vivia em Belém com documentos falsos, mantendo padrão de vida elevado e movimentando dinheiro por meio de terceiros, ao mesmo tempo em que evitava exposição. A Polícia Civil do Pará monitorava o suspeito há um mês, inclusive durante a COP30. A prisão foi realizada sem resistência — apenas com o gesto final de destruir o celular, uma tentativa clássica de “finalizar o histórico”.

A operação contou com apoio de equipes do Pará, Goiás, Distrito Federal e de Brasília. Joabe será recambiado para o Piauí, onde deve responder por múltiplos homicídios e crimes ligados ao tráfico e às facções, enquanto novas investigações continuam em andamento.

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