Petrus diz que flanelinhas coagem motoristas; trabalhadores rebatem: 'É mentira'
O vereador deve apresentar, na próxima semana, um PL que visa extinguir flanelinhas em Teresina
RedaçãoA proposta do vereador Petrus Evelyn, que pretende acabar com a atividade dos flanelinhas na capital piauiense, tem gerado polêmica e resistência entre os trabalhadores do setor. Diante dessa discussão, a Revista 40 Graus foi às ruas para ouvir a opinião da categoria.
Alexandro, que há 25 anos trabalha como guardador de carros no centro de Teresina, é um dos que se manifestam contra o projeto e defende a permanência da profissão. Para ele, a justificativa do vereador de que a população se sente coagida a pagar pelo serviço não reflete a realidade. "É mentira, porque ninguém obriga ninguém a dar dinheiro. Se a pessoa gosta do nosso serviço, ela dá o que pode: uma moeda, um real, dois reais. Mas ninguém é forçado a pagar. Você dá se quiser", afirmou.
Ele também reconhece que, como em qualquer profissão, há bons e maus profissionais, mas critica a generalização que coloca todos os flanelinhas sob o mesmo rótulo. "Tem gente ruim em todo lugar, isso é verdade. Mas não dá para julgar todo mundo e acabar com a profissão por causa de alguns. A maioria de nós trabalha honestamente, tem família e depende dessa renda para sobreviver", argumentou.
Além disso, Alexandro questiona o que será feito com os trabalhadores caso a lei seja aprovada. "O que vão fazer com a gente? Dar um salário por um mês e depois nos deixar sem nada? Isso não resolve. Por isso, sou contra esse projeto", concluiu.
Outro flanelinha que se posicionou contra a proposta foi 'Esquerdinha', também com 25 anos de experiência na função. Para ele, a extinção da atividade não é a solução, mas sim a regulamentação e fiscalização do setor.
"O que precisa é fiscalização para saber quem é bom e quem não é. Trabalho aqui há quase 25 anos e nunca houve roubo ou problema. Eu cuido dos carros e também lavo veículos", explicou.
'Esquerdinha' considera a medida radical e acredita que afetará muitas famílias. "Não pode generalizar. Tem gente que trabalha direitinho, sustenta sua casa, paga suas contas. O que falta é organização, não acabar com tudo", reforçou.
Ele também criticou a falta de diálogo do vereador com os trabalhadores antes da apresentação do projeto."Ele nunca conversou com a gente. Não veio perguntar nada, simplesmente vai apresentar esse projeto na Câmara. Se pelo menos tivesse escutado os trabalhadores, poderia entender nossa realidade", desabafou.
A proposta ainda será debatida na Câmara Municipal e segue dividindo opiniões entre parlamentares, flanelinhas e a população de Teresina.