Sistema Inthegra: de promessa de modernização ao abandono em Teresina

Implantado em 2018 com promessa de modernizar o transporte público da capital, o sistema acumula estruturas deterioradas e milhões em investimentos perdidos

Foto: Reprodução

Terminal de Integração de uma das zonas de Teresina em processo de depredação

O Sistema Inthegra, lançado em março de 2018 com o objetivo de revolucionar a mobilidade urbana de Teresina, transformou-se, sete anos depois, em um símbolo de abandono e desperdício de recursos públicos.

A proposta previa oito terminais de integração e dezenas de estações climatizadas espalhadas por todas as zonas da cidade, equipadas com portas automáticas e sistemas eletrônicos para agilizar o embarque e o desembarque dos passageiros.

Hoje, no entanto, o cenário é de deterioração, vandalismo e falta de manutenção. Muitas das estruturas estão fechadas ou sucateadas, e o conforto prometido aos usuários ficou no passado.

A arquiteta e professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Nícia Formiga, especialista em mobilidade urbana, aponta que o colapso do sistema tem origem na falta de segurança e conforto oferecidos à população.

“A principal causa da má mobilidade urbana é a falta de conforto que se oferece aos passageiros. Isso faz com que eles evitem o transporte público. Os terminais de integração, então, nem se fala, estão totalmente abandonados”, afirmou.

Segundo a especialista, além do impacto direto sobre os usuários, o abandono representa um prejuízo ao erário público, considerando o alto custo de implantação.

R$ 776 milhões em estruturas degradadas

De acordo com o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI), o investimento total no Inthegra chegou a R$ 776 milhões, recursos que deveriam garantir um sistema moderno e eficiente de transporte.

O ativista social Gustavo Henrique que teve sua familía como uma das pioneiras no transpote público em Teresina, ressalta que, mesmo com algumas linhas em operação, o sistema permanece ineficiente trazendo insatisfação e prejuizos a população como um todo.

“Os terminais continuam sem uso oficial e estão sendo depredados, as estações sucateadas e o usuário de ônibus acaba levando muito tempo pra chegar ao seu destino, quando deveria fazer os trajetos mais rápidos com mais disponibilidades de linhas e de veículos. Essa precariedade no serviço acaba gerando uma sensação a vista de alguns que foi resolvido o problema isto porque leva os passageiros a optarem por transportes via aplicativos e de uso pessoal como motocicletas, aumentando o custo de vida e acidentes no trânsito”, destacou Gustavo que disse ainda que já denuncia o descaso a muito tempo e disponibizou os links de suas postagens. Veja abaixo:

Link 1 , Link 2 ,Link 3 , Link 4 , Link 5, Link 6 , Link 7 , Link 8 

Prefeitura promete novo plano de mobilidade

O diretor de Transportes Públicos de Teresina, Adriano Barreto, informou que a prefeitura está elaborando um novo Plano Diretor de Mobilidade Urbana, que deve incluir a reativação ou remodelagem do sistema de integração.

“Já temos estudos sendo iniciados para reativar ou remodelar o transporte público, readequando o plano de mobilidade, que está defasado. A ideia é promover a integração entre diferentes modais, considerando também a ampliação do metrô e a conexão com o sistema de Timon”, explicou o gestor.

Segundo ele, o novo redesenho do transporte coletivo contemplará as demandas atuais da cidade e prevê a reativação gradual dos terminais, em busca de um modelo mais eficiente e sustentável.

O Revista40graus irá acompanhar o desenrolar do parece mais um problema sem solução por parte da gestão municipal.