EUA x Venezuela: quando a “defesa da democracia” mira o quintal alheio
Crise cresce, alertas aumentam — e a eterna dúvida: quem deu procuração global a Washington?O governo Trump decidiu atualizar, mais uma vez, as orientações de viagem para a Venezuela — e, como de costume, o aviso veio em modo apocalipse imediato. A recomendação é clara: que todos os cidadãos americanos deixem o país “agora, já, neste instante”.
Segundo Washington, a Venezuela oferece “alto risco de detenção ilegal, tortura, terrorismo, sequestro, aplicação arbitrária da lei, criminalidade generalizada, agitação civil e infraestrutura de saúde precária”. É quase um roteiro de filme do próprio Hollywood, daqueles que terminam com heróis desembarcando de helicópteros para “restaurar a ordem”.
A tal “legitimidade”
A crise diplomática escalou desde que os EUA iniciaram uma operação naval antidrogas bem ali, coladinha à costa venezuelana — afinal, nada grita “paz e diálogo” como navios de guerra, caças F-35 e o maior porta-aviões do planeta flutuando na vizinhança.
A Casa Branca acusa Maduro de vínculos com o Cartel de Los Soles, enquanto o líder venezuelano nega tudo — inclusive, para variar, a própria existência do cartel. Nesse embate, os EUA chegaram ao ponto de colocar uma recompensa de US$ 50 milhões pela captura de Maduro. Porque, claro, nada diz “legitimidade internacional” como um pôster de procurado com valor de megassena acumulada.
Mas, no fim, fica a pergunta irônica que insiste em retornar: os Estados Unidos têm legitimidade para destituir Maduro?
Bom, historicamente, Washington sempre acreditou que sim — da América Central ao Oriente Médio — mas o direito internacional, esse inconveniente teimoso, costuma responder que não, que derrubar governos soberanos não é exatamente uma opção disponível no cardápio legal das nações.
Escalada e isolamento
Com o espaço aéreo tratado como “totalmente fechado” por Trump, diversas companhias — Iberia, TAP, Turkish, Gol e outras — suspenderam voos. A Venezuela vai ficando cada vez mais isolada, enquanto os EUA vão deixando claro que estão dispostos a “resolver” a crise à sua maneira… como sempre.
No fim das contas, fica a ironia: enquanto Maduro é acusado de ditador, Washington parece confundir defesa da democracia com missão de xerife global — e o planeta continua sem saber quem autorizou esse filme a continuar em cartaz.
Fonte: Revista40graus, mídias e redes sociais e colaboradores
