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Quem é o presidente INSS que se demitiu após operação da PF e da CGU

O esquema existia desde 2019 e o afastamento de Alessandro até então se deu por conta da omissão
Redação

O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, pediu demissão de seu cargo na autarquia ainda nesta quarta-feira (23), após a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal (PF) deflagrarem uma operação contra um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.

Segundo a PF, foram identificados descontos associativos em aposentadorias e pensões que não foram autorizados. Esses valores são pagos mensalmente a entidades e sindicatos que representam os aposentados e pensionistas.

Qualquer desconto precisa ter autorização prévia do beneficiário para acontecer. A única exceção é para casos envolvendo decisão judicial.

Além do presidente, outros cinco servidores do órgão foram afastados por determinação judicial.

O diretor de Benefícios e Relacionamento com o cidadão do INSS, Vanderlei Barbosa dos Santos, também é alvo da operação “Sem Desconto”.

Quem é Alessandro Stefanutto

Alessandro Antônio Stefanutto é formado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, e pós-graduado em Gestão de Projetos, além de especialista em Mediação e Arbitragem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também é mestre em Gestão e Sistemas de Seguridade Social pela Universidade de Alcalá em Madrid (Espanha).

Foto: Jovem PanAlessandro Stefanutto ex-presidente do INSS
Alessandro Stefanutto ex-presidente do INSS

Em 2021, publicou o livro “Direitos Humanos das Mulheres e o Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos”.

Atuou no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e como técnico na Receita Federal. Também exerceu atividades junto a Consultoria Jurídica do Ministério da Ciência e Tecnologia. De janeiro de 2011 a julho de 2017, foi Procurador-Geral do INSS.

Em julho de 2023, tomou posse como presidente do INSS, substituindo Glauco Wamburg.

Operação

Segundo a PF, entidades que representavam aposentados e pensionistas descontaram irregularmente parte de mensalidades associativas aplicadas sobre benefícios previdenciários.

As entidades cobraram de aposentados e pensionistas o valor estimado de R$ 6,3 bilhões, no período entre 2019 e 2024, pelos cálculos dos investigadores.

Mais ou menos 700 policiais federais e 80 servidores da CGU cumpriram 211 mandados de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão de reais e seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e em 13 estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

COMO O ESQUEMA DO INSS FOI DESCOBERTO

A investigação começou em 2023 na CGU, no âmbito administrativo. Em 2024, após a CGU encontrar indícios de crimes, a Polícia Federal foi acionada. Segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, a PF abriu 12 inquéritos para investigar as fraudes.

A CGU entrevistou uma amostra de 1.273 aposentados e pensionistas. A maioria — 97% dessa amostra — afirmou nunca ter autorizado descontos em seus benefícios.

Segundo a investigação, o esquema consistia em descontar de aposentados e pensionistas do INSS valores mensais, como se eles tivessem se tornado membros de associações de aposentados, quando, na verdade, não haviam se associado nem autorizado os descontos.

Segundo o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, as associações envolvidas no esquema diziam prestar serviços como assistência jurídica para aposentados e ofereciam descontos em mensalidades de academias e planos de saúde, por exemplo, mas não tinham estrutura.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que os aposentados foram “vítimas fáceis” desse esquema, ressaltando a gravidade das fraudes cometidas contra uma população vulnerável. ​

Foto: Raquel Cunha Folha expressMinistro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowsk
Ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowsk

As investigações continuam em andamento, e os envolvidos poderão responder por crimes como corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

O governo federal anunciou medidas para reforçar os mecanismos de controle e transparência no INSS, visando evitar que fraudes como essa voltem a ocorrer.

Fonte: Revista40graus e colaboradores

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