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Alcolumbre descobre burocracia e cancela sabatina como quem faz um grande ato de coragem

Presidente do Senado transforma falta de papel timbrado em epopeia institucional — e ainda posa de guardião das prerrogativas.

Davi Alcolumbre, sempre atento às oportunidades de mostrar serviço, resolveu cancelar o cronograma da sabatina de Jorge Messias para o STF. E claro, fez isso com toda a pompa possível, acusando o governo Lula de uma “omissão grave”, como se tivesse acabado de impedir um atentado à democracia, e não apenas aguardado um documento oficial que — veja só — todos sabiam que chegaria.

Foto: Pedro LadeiraO presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil)
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil)

O adiamento, que na prática só favorece Messias e dá ao governo mais tempo para articulações, foi apresentado por Alcolumbre como se ele estivesse protegendo o Senado de alguma ameaça intergaláctica. Bastava uma mensagem formal do Planalto, mas o presidente do Senado preferiu transformar a burocracia em espetáculo político — algo em que ele tem considerável experiência.

Teve até discurso inflamado sobre “interferência” e “prerrogativas do Legislativo”, numa performance que só não convenceu quem já conhece a história recente da Casa. Irritação verdadeira? Talvez. Conveniência política? Bem provável.

O relator Weverton Rocha tentou suavizar o clima dizendo que “o pino foi colocado de volta na granada”. Tradução: Alcolumbre tirou a trava do processo, quase explodiu o ambiente político, e agora resolveu fazer de conta que está devolvendo a calma.

O adiamento caiu como um presente para Messias, que ganha dias preciosos para circular, conversar com senadores e diminuir resistências — inclusive aquelas criadas por… Alcolumbre. Afinal, parte da irritação no Senado veio justamente porque o presidente da Casa queria outro nome no STF, de preferência alguém da própria bolha congressual.

Lula, por sua vez, já se mexe para apagar o incêndio que Alcolumbre fez questão de acender. Encontros, almoços e conversas estão sendo alinhados para tirar a poeira da relação política que o presidente do Senado insiste em sacudir.

No fim das contas, tudo segue dentro da normalidade institucional:
— o governo indica;
— o Senado analisa;
— Alcolumbre dramatiza.

E agora, com a sabatina empurrada para o futuro — possivelmente para o ano eleitoral, quando tudo fica mais difícil — resta ver quanto tempo o presidente do Senado ainda pretende monopolizar os holofotes com sua epopeia burocrática.

Enquanto isso, o STF continua aguardando, pacientemente, que Alcolumbre desça do palco e deixe o processo andar.

Fonte: Revista40graus, Senado, Mídias e colaboradores

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