Crise na base: aliados de Sílvio Mendes adiam votação e expõem desgaste político
Pedido de adiamento revela perda de controle do prefeito sobre bancada e racha na Câmara de TeresinaA sessão da última terça-feira (21) na Câmara Municipal de Teresina foi um retrato fiel do momento político delicado enfrentado pelo prefeito Sílvio Mendes (União Brasil). O que deveria ser uma votação tranquila — a aprovação de um empréstimo de R$ 435 milhões solicitado pela própria gestão — acabou se transformando em um desfile público de desalinhamentos, hesitações e ruídos dentro da base governista.
O adiamento da votação, pedido por Petrus Evelyn, até então aliado próximo do prefeito, e por João Pereira (PT), foi o primeiro sinal visível de que a harmonia interna que o governo tenta projetar já não se sustenta nos bastidores. Ambos alegaram falta de tempo para discutir o texto, mas o gesto teve peso político evidente: revelou que o prefeito já não tem controle pleno sobre sua bancada.
Troca de farpas e tensão no plenário
O clima azedou de vez quando o vereador Venâncio Cardoso (PT) acusou Pedro Alcântara, outro membro da base, de ser “a maior oposição de Sílvio Mendes dentro da própria base”.
— “O senhor volta só para criar tumulto. Ainda não vi o senhor subir nessa tribuna para falar de algo relevante para Teresina. Está atrapalhando muito”, disparou Venâncio.
Visivelmente irritado, Pedro respondeu:
— “O senhor está zangado com isso?”
A troca de farpas foi suficiente para transformar um debate técnico em uma vitrine de desunião política, ampliando o desgaste do Executivo diante da opinião pública.

Empréstimo expõe fragilidade de articulação
O projeto, que deveria simbolizar a capacidade de articulação e confiança entre Executivo e Legislativo, acabou expondo o oposto: a falta de coordenação política, a ausência de liderança consolidada e a dificuldade de interlocução com a própria base.
Para quem acompanha a rotina da Câmara, ficou evidente que a gestão perdeu fôlego político. Sílvio Mendes, conhecido por sua experiência e habilidade estratégica, viu seus próprios aliados hesitarem diante de uma pauta considerada prioritária.
Desgaste interno e desafio à liderança
O adiamento do empréstimo, embora tentado minimizar pela base como “um simples atraso”, é interpretado como um sinal claro de desgaste interno. O episódio reforça a percepção de que o prefeito, acostumado a navegar com tranquilidade pelos bastidores da política piauiense, começa a enfrentar o mesmo dilema que afeta muitos gestores em segundo mandato informal: a dificuldade de manter o controle político sobre uma base que já não teme contrariar o governo.
Fonte: Revista 40 Graus