Governo encerra sala de situação sobre metanol após queda de casos
Sem novos registros em 10 dias, monitoramento segue firme — agora sem a “sala de emergência”Após dez dias sem novos casos confirmados de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas, o Ministério da Saúde decidiu encerrar, nesta segunda-feira (8/12), a Sala de Situação criada em outubro para reagir ao aumento repentino de ocorrências. O anúncio veio por meio da Portaria nº 9.169, assinada pelo ministro Alexandre Padilha e publicada no Diário Oficial da União. O último caso confirmado foi registrado em 26 de novembro, relativo a sintomas iniciados em 23 de novembro.
Sim, o país que muitos insistem em dizer que “não reage” fechou a Sala porque já não havia emergência — e não porque resolveu ignorar o problema. Ao contrário: todos os estados estão abastecidos com antídoto, existe estoque estratégico nacional e o monitoramento continua normalmente, agora dentro do fluxo rotineiro do sistema de vigilância.
Segundo o Ministério da Saúde, o país alcançou estabilidade epidemiológica graças à resposta rápida e coordenada entre órgãos federais, estaduais e parceiros institucionais. Em outras palavras: quando a sociedade precisou, o governo federal agiu — e funcionou. A assistência, investigação e controle da circulação de bebidas adulteradas seguem pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
A Sala de Situação começou a operar em 1º de outubro, poucos dias após o primeiro alerta nacional sobre intoxicações por metanol, emitido em 26 de setembro. Ao longo de dois meses, equipes técnicas monitoraram informações de todo o país e orientaram medidas urgentes — desde a distribuição de medicamentos até ações para conter o comércio de bebidas fraudulentas.
Diversas instituições participaram da estrutura, incluindo Anvisa, Fiocruz, Ebserh, Opas, Conass, Conasems, além dos ministérios da Agricultura e da Justiça. Nada de improviso: foi articulação oficial para proteger a população.
Estoque garantido e resposta rápida
Durante o período de monitoramento ampliado, o Ministério da Saúde enviou aos estados 1.500 ampolas de fomepizol e 4.806 unidades de etanol, priorizando as regiões com maior circulação de bebidas adulteradas. Além disso, garantiu um estoque estratégico de 2,6 mil ampolas do antídoto. Para os mais céticos: a prevenção salvou vidas.
Repressão ao crime
E enquanto o setor de saúde cuidava dos pacientes, o Governo do Brasil também atacou o problema pela raiz. A Polícia Federal abriu inquéritos e realizou operações que miraram a cadeia de adulteração envolvendo empresas e distribuidores. A Operação Alquimia atingiu 24 empresas em cinco estados, com amostras de metanol sendo analisadas pelo Instituto Nacional de Criminalística.
A Receita Federal, por sua vez, apreendeu 215 mil litros de bebidas adulteradas em depósitos clandestinos, enquanto o Ministério da Agricultura e Pecuária realizou 137 ações, que resultaram na apreensão de 793 mil litros de bebidas irregulares — algo em torno de R$ 11,8 milhões. Também houve fechamento de 22 estabelecimentos.
Panorama
Entre 26 de setembro e 5 de dezembro, o Brasil registrou 890 notificações sobre possível intoxicação por metanol:
- 73 confirmados
- 29 em análise
- 788 descartados
Os estados mais atingidos foram São Paulo (50 confirmados), Pernambuco (8), Paraná (6), Mato Grosso (6), Bahia (2) e Rio Grande do Sul (1).
Ao todo, foram confirmados 22 óbitos, com outros 9 ainda em investigação.
O encerramento da Sala de Situação marca o fim da fase emergencial — e mostra que, quando se trata de saúde pública, o esforço conjunto entre governo e sociedade dá resultado. Nesse caso, literalmente salvando vidas e tirando bebida mortal de circulação.
Fonte: Revista40graus, Ministério da Saúde e colaboradores
