Estiagem severa atinge o Piauí em mais de 100 municípios

Diante do cenário crítico, o Governo do Estado decretou situação de emergência em 129 municípios
Redação

O Piauí enfrenta um período chuvoso atípico, com um volume de chuvas 50% abaixo da média histórica entre dezembro e março — meses que compõem a quadra chuvosa do calendário agrícola. A estiagem tem impactado severamente a produção agrícola e a criação de animais no estado. Diante do cenário crítico, o Governo do Estado decretou situação de emergência em 129 municípios, sendo que, para 40 deles, a situação é considerada ainda mais grave, segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil.

As evidências da seca vêm sendo monitoradas por diversas fontes oficiais e independentes, incluindo a Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e a rede privada RedColab. A análise dos dados é conduzida pelo Centro de Gerenciamento de Riscos e Desastres da Defesa Civil do Piauí.

Foto: Ascom/Governo do Piauí
Estiagem severa atinge o Piauí em mais de 100 municípios

Os mapas de acumulado pluviométrico quadrimestral mostram uma distribuição bastante irregular das chuvas nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, afetando especialmente os municípios do sul do estado — tanto na região do cerrado quanto na faixa sertaneja.

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Segundo Werton Costa, diretor de Adaptação e Mitigação da Defesa Civil, a irregularidade das chuvas em termos de tempo e espaço comprometeu a produção agrícola de forma sucessiva. “Muitos produtores apostaram no início das chuvas e sofreram perdas ainda no fim de 2024, entre novembro e dezembro. Houve nova tentativa de plantio entre janeiro e fevereiro, mas, com a persistência da estiagem em março, as perdas se acumularam, atingindo também as pastagens”, explica.

O fenômeno da “seca verde”

A escassez de chuvas deu origem ao fenômeno conhecido como “seca verde”, em que a vegetação nativa permanece aparentemente saudável, mas a lavoura e o pasto não se desenvolvem. “É um verdor ilusório, que mascara a crise. As plantas nativas seguem verdes, mas não há produção de alimentos”, destaca Costa.

Ações emergenciais e estruturantes

Para mitigar os efeitos da estiagem, a Defesa Civil iniciou a contratação emergencial de carros-pipa e vem adotando uma série de medidas de médio e longo prazo voltadas à segurança hídrica da população rural.

Entre as ações estruturantes estão a perfuração de poços artesianos, instalação de redes de distribuição de água e recuperação de barreiros e barragens em comunidades afetadas. Um dos projetos mais relevantes nesse esforço é a construção da adutora de Jaicós, que promete beneficiar mais de 20 mil pessoas e terá investimento superior a R$ 100 milhões. O termo de compromisso da obra já foi firmado entre o Governo do Estado e o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).

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