Quando o Diamante Embaça: A Queda do Ex-Chefe da Receita de Bolsonaro
Onde se guarda ouro, brilham também as trapalhadas – e a conta chegou para o ex-chefão da Receita e para quem ele tentou agradar.
Redação
A Controladoria-Geral da União (CGU) finalmente bateu o martelo — e não foi para abrir cofre nenhum. O órgão demitiu Julio Cesar Vieira Gomes, ex-comandante da Receita Federal, aquele mesmo que, segundo investigações, transformou o fluxo de bagagens internacionais em uma espécie de drive-thru de presentes sauditas para Jair Bolsonaro.
A decisão, publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (1º), encerra o processo administrativo disciplinar que constatou o óbvio ululante: Julio Cesar usou o cargo para favorecer alguém. “Alguém”, no caso, com endereço conhecido no Palácio da Alvorada à época.
Entre 2021 e 2022, enquanto chefiava a Receita Federal, Julio Cesar teria pressionado servidores do órgão para liberar joias milionárias vindas da Arábia Saudita — peças tão discretas que até hoje fazem barulho. Como se ainda fosse pouco, a Polícia Federal apontou no inquérito a possibilidade de desvios que beiram os R$ 7 milhões, um valor modesto apenas para quem acha que diamante é lembrancinha turística.
O ex-chefe da Receita e o ex-presidente Jair Bolsonaro acabaram indiciados, porque coincidência demais acaba cansando até da própria sorte.
Agora, além de perder o cargo, Julio Cesar fica proibido de ocupar qualquer função pública pelos próximos cinco anos — um período perfeito para refletir sobre como tentar “destravar” joias no aeroporto não foi exatamente a melhor estratégia de carreira.
Se o brilho das joias ofuscou alguém ali, definitivamente não foi a lei. E, no fim das contas, nada como um bom Diário Oficial para lembrar que, quando a banda toca, cada um dança com a música que escolheu.