Governo leva a melhor e Congresso é alvo de 61% das críticas na web

Pesquisa Quaest apurou 4,4 milhões de menções nas redes sociais relacionadas ao Congresso
Redação

Pesquisa divulgada pela Genial Quaest sexta-feira (4) aponta que o Congresso tem sido alvo da maioria das críticas nas redes sociais, após o agravamento da crise entre parlamentares e o governo federal em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Desde o começo do embate direto entre Legislativo e Executivo, as menções ao Congresso tiveram 61% de críticas negativas, enquanto 28% foram de manifestações neutras e 11% foram positivas aos parlamentares ou de ataque ao governo. O levantamento da Quaest coletou 4,4 milhões de publicações, nas redes sociais, entre os dias 24 de junho a 4 de julho deste ano. Foram acompanhadas as plataformas: Twitter (X), Instagram, Facebook, Reddit, Tumblr e YouTube) e site de notícias.

A pesquisa destaca que a campanha contra o Congresso ganhou força a partir do dia 25 de junho, ou seja, justamente após os parlamentares derrubarem o decreto assinado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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A medida de Lula, de 11 de junho deste ano, implica na imposição de cobrança de IOF em operações e investimentos antes isentos, além de aumentar alíquotas em algumas transações para as quais já havia incidência do tributo.

Personalização da crítica a Hugo Motta

A empresa de pesquisa fez um recorte em relação aos temas monitorados do dia 17 de junho até o dia 30 de junho. Excluindo-se as menções gerais ao Congresso (54%), a mais citada foi “inimigos do povo”, com 18%. Na sequência, aparecem “Congresso da mamata” (13%) e “Hugo Motta” (8%). Menções como “ricos paguem a conta” e “taxação BBB”, entre outras ,completam os 100%.

Na visão da Quaest, os 8% de menções a Hugo Motta (Republicanos-PB) significam a personalização das críticas ao Congresso. Uma publicação que faz relação ao patrimônio do presidente da Câmara foi destacada pelo instituto de pesquisa.

A postagem na rede social teve 34,7 mil visualizações. “Quem declara aeronave como patrimônio tem condições de decidir o que é melhor para quem anda de transporte público? Taí a última declaração de bens de Hugo Motta, mostrando que de luxo ele entende”, diz trecho da mensagem.

O início desse embate digital começou com a investida de perfis de alguns partidos de esquerda, principalmente o Partido dos Trabalhadores (PT), com a divulgação de vídeos que levantam a necessidade de ajustes na cobrança de impostos para promover justiça social no país.

Os vídeos acusam o Congresso de defender os interesses dos ricos e miram Hugo Motta, acusado de não se importar com a parcela menos favorecida da população. “Quem alimenta o ‘nós contra eles’ acaba governando contra todos”, reagiu o presidente da Câmara em vídeo postado nas redes sociais nesta semana.

O monitoramento da Quaest também verificou as menções negativas ao presidente Lula. Elas somaram 31% no âmbito da disputa governo-Congresso em torno do IOF. O patamar é menor na comparação com outros assuntos de repercussão que foram acompanhados pela empresa de pesquisa: corrupção INSS (77%) e aumento do IOF (76%).

O começo da crise

O governo federal e o Congresso Nacional travam um embate em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A crise começou no dia 22 de maio deste ano, quando o governo federal publicou um decreto estabelecendo a cobrança de IOF em operações e investimentos antes isentos, além de aumentar alíquotas em algumas transações sob as quais já havia incidência do tributo. Depois disso, houve reação do Congresso e reuniões entre os poderes sobre o tema.

Um acordo chegou a ser divulgado, mas as lideranças da Câmara e do Senado recuaram. Sem um consenso, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), editou um novo decreto sobre o IOF em 11 de junho. No entanto, o ato presidencial foi tornado nulo com a aprovação no Congresso de um decreto legislativo no último dia 25.

Foto: Reprodução
Hugo Motta, Lula e Alcolumbre

Em meio aos embates entre os Poderes, outros temas envolvendo justiça fiscal entraram nas discussões. Um exemplo foi a proposição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a cobrança do Imposto de Renda sobre os inventimentos em Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), hoje isentas.

A derrubada do decreto assinado por Lula foi chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) na última sexta-feira (27/6). Na última terça-feira (1º/7), a Advocacia-Geral da União (AGU) decidiu ingressar na Corte para questionar a decisão do Congresso e restabelecer a validade do decreto assinado pelo presidente.

Nesta sexta, o Ministro do STF Alexandre de Moraes a suspendeu os atos do governo e do Congresso sobre o IOF.

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