Ditadores e líderes autoritários aliados dominam lista de convidados de desfile
China deve usar parada militar em memória dos 80 anos do fim da 2ª Guerra como vitrineLíderes de países com regimes autoritários são a maioria dos confirmados para o desfile militar de Pequim, que comemora nesta quarta-feira (3) a vitória do país na chamada Guerra da Resistência, contra a ocupação do Japão, e na Guerra Mundial Antifascista, como Pequim se refere à Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A cerimônia deve começar às 9h locais (22h desta terça no Brasil).
Entre os 26 países apresentados na lista divulgada pelo regime chinês, 18 são considerados autoritários, segundo o Índice de Democracia do Banco Mundial, que apresenta dados de 2024. Outros 5 são categorizados como "democracia com falhas" e 2 como "regime híbrido", de acordo com os critérios do levantamento. Apenas um convidado, Maldivas, não é ranqueado.

Entre eles estão os ditadores Kim Jong-un (Coreia do Norte) e Alexander Lukashenko (Belarus), além do presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O índice é um dos principais levantamentos realizados no mundo para entender a situação política de nações e compreende a análise de mais de 160 países.
Os autores do estudo afirmam adotar "uma visão ampla da democracia" que inclui várias dimensões, como "eleitoral (eleições livres e justas), liberal (direitos civis e proteção contra o Estado), participativa (os cidadãos participam das eleições), deliberativa (os cidadãos participam da sociedade civil e do discurso público) e efetiva (os governos conseguem agir em nome dos cidadãos)".
A relação divulgada por Pequim mostra também que mandatários asiáticos são a maioria dos confirmados nesta quarta-feira (3), totalizando 20. Um deles é Min Aung Hlaing, chefe da junta militar e, na prática, ditador de Mianmar, que raramente sai de seu país devido a um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional contra ele por supostos crimes contra a humanidade cometidos contra os rohingyas, minoria predominantemente muçulmana do Sudeste Asiático.
Da Europa, apenas Lukashenko e os governantes da Sérvia e da Eslováquia estarão presentes. Da África serão representados a República do Congo e o Zimbábue. Do continente americano, apenas o aliado Miguel Díaz-Canel, dirigente de Cuba, fará parte.
O Brasil será representado pelo assessor especial da Presidência, Celso Amorim. Embora tenha representante, o país sul-americano não faz parte da lista do regime chinês, uma vez que apenas chefes de Estado foram contabilizados.
A presença maciça de líderes da Ásia no desfile promovido por Xi ocorre em um momento em que o dirigente chinês busca consolidar sua influência no Oriente, visto que diversos países se veem pressionados pelas tarifas impostas por Donald Trump, inclusive a China.
Nesta terça-feira (2), Xi se reuniu com diversos chefes de Estado, antecipando o clima de parceria esperado para a celebração. Na noite desta quarta (3), ele ainda participará de um jantar de gala no Grande Salão do Povo, organizado para dar continuidade às comemorações dos 80 anos da vitória chinesa nas guerras.
Entre os encontros já ocorridos houve a reunião com Putin, na qual o presidente russo afirmou que os países chegaram a um nível de relacionamento "sem precedentes". Já Xi destacou que a relação entre o que chamou de duas potências internacionais resistiu às mudanças internacionais e foi estabelecida como modelo. Disse ainda que a China está disposta a estreitar ainda mais as trocas com a Rússia.
Dias antes, os líderes já haviam se reunido na Organização para Cooperação de Xangai, juntamente com o primeiro-ministro da Índia Narendra Modi, que não está entre os confirmados para o desfile. Na ocasião, as lideranças encenaram cenas de afeto e parceria, além de posarem para fotos e vídeos de mãos dadas.
As imagens foram vistas como mais um aceno dos chefes das potências do Oriente à Trump, que além das tarifas que pressionam Índia, também tentam negociar com Putin o fim da Guerra na Ucrânia.
Veja, abaixo, a lista completa de chefes de Estado e de governo que vão participar do evento:
Nikol Pashinyan, primeiro-ministro da Armênia
Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão
Alexander Lukashenko, ditador da Belarus
Norodom Sihamoni, rei do Camboja
Kassym-Jomart Tokayev, presidente do Cazaquistão
Miguel Díaz-Canel, dirigente de Cuba
Denis Sassou Nguesso, presidente do Congo
Kim Jong-un, ditador da Coreia do Norte
Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia
Masoud Pezeshkian, presidente do Irã
Prabowo Subianto, presidente da Indonésia
Thongloun Sisoulith, presidente do Laos
Mohamed Muizzu, presidente das Ilhas Maldivas
Anwar Ibrahim, primeiro-ministro da Malásia
Min Aung Hlaing, chefe da junta militar de Mianmar
Ukhnaa Khurelsukh, presidente da Mongólia
KP Sharma Oli, primeiro-ministro do Nepal
Shahbaz Sharif, primeiro-ministro do Paquistão
Sadyr Japarov, presidente do Quirguistão
Vladimir Putin, presidente da Rússia
Aleksandar Vucic, presidente da Sérvia
Emomali Rahmon, presidente do Tadjiquistão
Serdar Berdimuhamedov, presidente do Turcomenistão
Luong Cuong, presidente do Vietnã
Emmerson Mnangagwa, presidente do Zimbábue
Fonte: Revista40graus e colaboradores