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Rússia propõe ampliar o BRICS após ofensiva de Trump contra o Brasil

Proposta de Moscou surge após anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros feitas por Trump

Em meio à recente escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e Brasil, a Rússia propôs a ampliação do BRICS como resposta estratégica à ofensiva do ex-presidente americano Donald Trump, que prometeu impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros caso retorne à presidência.

A declaração russa foi feita nesta quinta-feira (11), um dia após Trump enviar uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticando o alinhamento do Brasil ao BRICS e anunciando sanções comerciais. Na mensagem, o republicano afirma que as novas tarifas fazem parte de um movimento para "minar os interesses do bloco", que atualmente reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos países convidados, como Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Diante da ofensiva, Moscou reforçou a necessidade de acelerar o processo de ampliação do grupo, que já vinha sendo discutido nos últimos anos. A ideia é atrair mais países em desenvolvimento que compartilhem de uma visão multipolar e de resistência ao domínio econômico do Ocidente.

Foto: Folha / UOLRússia propõe ampliar o BRICS após ofensiva de Trump contra o Brasil
Rússia propõe ampliar o BRICS após ofensiva de Trump contra o Brasil

"A expansão do BRICS está alinhada ao objetivo de fortalecer um sistema internacional mais equilibrado, baseado no respeito mútuo e na não interferência", declarou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, em nota divulgada à imprensa internacional.

Reações no Brasil

O anúncio das tarifas provocou reação imediata no Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), divulgaram uma nota conjunta afirmando que o Brasil está pronto para agir "com equilíbrio e firmeza" frente às ameaças externas. Parlamentares também mencionaram a recém-aprovada Lei da Reciprocidade Econômica, que autoriza o país a adotar medidas similares contra nações que impuserem barreiras comerciais ao Brasil.

No governo federal, o tom é de cautela. Integrantes do Itamaraty avaliam que a retórica de Trump ainda faz parte de sua pré-campanha e evitam escalar o conflito. No entanto, reforçam que a relação diplomática com os Estados Unidos precisa ser preservada sem abrir mão da soberania brasileira em alianças estratégicas, como o BRICS.

Avanço do BRICS e novo cenário geopolítico

Desde sua criação, o BRICS tem se posicionado como uma alternativa às instituições financeiras e políticas dominadas por países ocidentais. A entrada de novos membros reforça esse papel e abre caminho para propostas mais ambiciosas, como a criação de uma moeda comum e um sistema de pagamentos próprio, fora da órbita do dólar.

Analistas veem a proposta russa como uma resposta direta ao reposicionamento dos Estados Unidos em relação aos países emergentes. "A Rússia está aproveitando o vácuo de confiança criado pelas ameaças de Trump para consolidar sua liderança dentro do BRICS. A proposta de ampliação é tanto geopolítica quanto econômica", avalia o cientista político Bruno Sampaio, especialista em relações internacionais.

A próxima cúpula do grupo está marcada para o fim do ano, e é possível que o tema da ampliação ganhe destaque na pauta oficial. Até lá, o Brasil terá de equilibrar interesses econômicos com sua nova posição geopolítica no cenário internacional.

Fonte: Reprodução

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